São Paulo, 14 - A disparada de preços do trigo no mercado internacional, que está sendo impulsionada pela guerra na Ucrânia, já começa a ser percebida pelos fabricantes brasileiros, afirma, em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi). "Haverá reajustes de preços nas próximas semanas, mas com o horizonte indefinido. O consumidor brasileiro deve começar a sentir os efeitos em breve, quando as indústrias comprarão as novas safras", avalia a entidade. De acordo com a Abimapi, as indústrias estão com estoques relativamente baixos, pois estão no início da entressafra de trigo. A entidade destaca que o produto acabado também não tem estoques e que varia muito de empresa para empresa. "De todo modo, este repasse tende a ser gradual, pois não há espaço para elevar os preços de uma só vez para o consumidor final", pontua. A Abimapi lembra que a Rússia é o maior exportador de trigo do mundo e tem sido afetado economicamente pelo conflito com a Ucrânia - juntos, os dois países contribuem, em média, com 30% das exportações mundiais de trigo - e acrescenta que, além da queda na oferta do cereal, fator da alta dos preços, o desabastecimento tem a ver com dificuldades logísticas - a guerra fechou portos, interrompeu o transporte - e com a queda da produção ucraniana da commodity. Outro fator que a entidade destaca é que o Brasil produz menos da metade do trigo consumido e precisa importar grandes quantidades do grão de países do Mercosul - sobretudo da Argentina -, do Canadá e dos Estados Unidos. "A elevação do preço do grão afeta diretamente os valores de produção para os fabricantes da categoria", afirma. Nas massas, em média, 70% do custo é de farinha. Nos biscoitos, o peso é de 30%, e nos pães e bolos industrializados, de 60%.