04/08/2021 às 14h00min - Atualizada em 04/08/2021 às 14h00min

Novo surto de covid-19 começa a frear economia na China

Medidas adotadas pela China para conter o novo surto de covid-19 causado pela variante delta já estão ameaçando a economia. Diante dos novos riscos, alguns analistas começaram a revisar para baixo as previsões de crescimento do país para neste ano.

O Nomura Holdings, por exemplo, cortou sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China em 2021 de 8,9% para 8,2%. Para o terceiro trimestre, o banco japonês agora espera uma expansão de 5,1% na base anual, ante 6,4% previstos anteriormente.

Ting Lu, economista-chefe do Nomura para a China, afirmou que a revisão ocorreu porque as medidas anunciadas por Pequim até agora são as mais rigorosas desde o ano passado, quando o país adotou alguns dos “lockdowns” mais rígidos do mundo para conter o surto que começou em Wuhan, o primeiro epicentro da pandemia.

As recentes chuvas e inundações em Henan, na região central do país, também influenciaram a revisão do crescimento no terceiro trimestre, disse ele. Na segunda-feira, autoridades chinesas disseram que 250 mil hectares de lavouras foram destruídos e que as perdas podem chegar a US$ 14 bilhões.

O Goldman Sachs avalia que o impacto das restrições sobre o crescimento do terceiro trimestre pode ser de até 0,7 ponto percentual. Apesar disso, o banco americano não alterou a previsão de crescimento de 6,2% na base anual para o período, argumentando que há incertezas sobre a duração do surto e citando a possibilidade de que Pequim dê um novo suporte à economia.

Liu Peiqian, economista do Natwest Group, concorda que há riscos negativos para o crescimento econômico do terceiro trimestre. “O impacto real dependerá da duração do surto [de covid-19], bem como do grau das políticas de distanciamento social”, disse ele.

Os cálculos sobre como o novo surto pode afetar a recuperação da China ocorrem em um momento em que o ritmo de expansão do PIB da segunda maior economia do mundo já vinha dando sinais de desaceleração.

Agora, as restrições, principalmente sobre as viagens, devem ter impacto no turismo interno e nos gastos dos consumidores, que são tradicionalmente mais altos no verão, quando os chineses tiram férias.

“Agosto é a temporada de pico para as atividades do consumidor no verão. Esperamos que esta nova rodada de casos tenha um impacto maior no consumo da indústria de serviços”, disse a Citic Securities em uma nota a clientes sobre as medidas.

Outros analistas estão mais cautelosos. Iris Pang, economista-chefe para a China do ING Economics, afirmou ao jornal “South China Morning Post” que os efeitos do surto ainda podem ser minimizados, já que as infecções ainda não chegaram em áreas de manufatura intensiva.

Xiao-Chun Xu, economista da Moody’s Analytics, também manteve suas previsões de crescimento para o segundo trimestre do ano. Ele confia que Pequim está agindo rápido o suficiente para conter o novo surto, o que limitaria o impacto de longo prazo.

“Como vimos no surto em Guangdong, as autoridades de saúde chinesas são altamente eficientes no rastreamento e contenção do vírus”, disse ele.

Além das esperanças de que a contenção do surto seja eficaz, economistas ouvidos pelo “South China Morning Post” também citaram a possibilidade de que Pequim faça mais cortes na taxa de exigência de reservas, a RRR (o equivalente a uma taxa de compulsórios), para dar mais apoio à economia nos próximos meses.

No mês passado, o banco central da China cortou a RRR em 0,5 ponto percentual, injetando cerca de 1 trilhão de yuans (US$ 154,5 bilhões) em liquidez no sistema bancário.

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