03/08/2021 às 19h00min - Atualizada em 03/08/2021 às 19h00min

Dólar sobe em meio a riscos fiscais e ronda R$ 5,20

Os riscos fiscais voltaram a guiar os negócios no mercado local nesta terça-feira, no momento em que as discussões em torno do aumento do Bolsa Família e o pagamento dos precatórios estão no centro das atenções dos participantes do mercado. As dúvidas em torno da situação fiscal do país atingiram duramente o mercado de câmbio na primeira etapa dos negócios e fizeram o dólar subir acima de R$ 5,27 na máxima do dia. O movimento, contudo, perdeu um pouco de força ao longo da tarde e, assim, a moeda americana encerrou o dia em alta de 0,51%, a R$ 5,1917.

Durante a etapa vespertina do pregão desta terça-feira, declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), dominaram as atenções dos agentes. Lira disse que não há “nenhuma possibilidade de calote” ao se referir aos precatórios e defendeu a PEC em discussão no governo que permite o parcelamento do pagamento dessas dívidas. Além disso, o deputado apontou que o Congresso não tem disposição em romper o teto de gastos e que o novo Bolsa Família virá dentro do Orçamento e do teto de gastos.

As declarações de Lira fizeram o dólar se afastar das máximas do dia, mas o tom de cautela nos negócios permaneceu. “A situação que temos visto desde sexta é a de retorno à pauta do risco fiscal. Os precatórios estão subindo muito, mas quando o mercado vê a ideia de parcelamento dos precatórios, ao mesmo tempo em que se discute um aumento do Bolsa Família para R$ 400, o risco vai parar na curva de juros e no dólar, principalmente, que sofrem mais quando a nossa política fiscal é atacada”, aponta o sócio-fundador da Truxt Investimentos, José Tovar..

Na avaliação do profissional, o que acaba por conter os movimentos que iriam contra o teto de gastos “é justamente os preços dos ativos”. “O mercado fica preocupado e é o estresse nos preços dos ativos que faz essas políticas serem revistas”, aponta Tovar. Ele, inclusive, revela que a Truxt aproveitou o movimento recente para aumentar posições tomadas [aposta na alta das taxas] em juros futuros. “Para compensar o risco fiscal, o BC vai ter que ser ainda mais duro”, diz. A gestora carioca também opta por não ter grandes posições em real no momento.

Gestor de moedas da ACE Capital, Daniel Tatsumi observa que a discussão sobre os precatórios estão no radar desde sexta-feira e, assim, os mercados têm sido dominados por notícias negativas, que têm impacto direto nos preços dos ativos. “Na minha opinião, pode ter ocorrido um exagero, especialmente na moeda, dado os movimentos dos pares. Assim, uma das coisas que me chamam atenção foi que tivemos dias com vários ingredientes para uma atuação do Banco Central, mas ele optou por não intervir. O movimento foi revertido naturalmente”, diz.

Tatsumi nota que as declarações de Lira ajudaram na ideia de respeito ao teto de gastos e de que não haverá calote, mas lembra que a discussão do Orçamento irá continuar. “Foi um movimento exagerado de mercado, que foi perdendo força ao longo do dia. Talvez o que pode ter ajudado no estresse é o posicionamento técnico, já que os fundos reduziram a posição comprada [em dólar] no mês passado, já que muitas casas passaram a apostar a favor do real por diversos motivos. O técnico ficou ruim”, afirma o gestor da ACE.

Com as turbulências que afetaram o mercado de câmbio nos últimos dias, a ACE aumentou posições compradas em real ao enxergar oportunidades à frente. “Claro que temos a questão do risco fiscal e não podemos nos esquecer do risco político, ainda mais quando chegamos perto das eleições, mas os termos de troca sugerem o dólar bem abaixo, em torno de R4 4,50. Além disso, o Banco Central está sendo obrigado a subir os juros de forma rápida. Devemos ter uma alta de 1 ponto na Selic nesta semana. É um choque de juros. São movimentos que costumam levar a uma apreciação da moeda”, aponta Tatsumi.

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