24/01/2023 às 09h09min - Atualizada em 24/01/2023 às 09h18min

Mercado segue pressionado, mas com novos horizontes

O mercado interno de carne bovina anda devagar no Brasil e a pressão negativa segue. Por outro lado, o pecuarista resiste a propostas mais baixas. Se por um lado as notícias são positivas para o mercado externo, o consumo doméstico segue enfraquecido, ainda sem uma recuperação mais evidente. Contudo, há grandes chances no mercado, mas que não alteram a necessidade do pecuarista de reduzir o seu custo de produção.

 

Vou dar um dado relevante para o leitor de nossa coluna “De Olho no Mercado”: 10 quilos. Este é um dado relevante que mostra a queda per capita no consumo de carne bovina. O volume foi recentemente, de 35 quilos, agora é de 25 quilos e em um passado já meio distante, 42 kg. Recuperar esse consumo demanda controlar a inflação, tratar o endividamento das famílias e com isso melhorar o poder de compra. O que temos no momento é um volume de abates mais intensificado de fêmeas, uma carne que não ganha o mercado internacional (China – mais exigente, busca carne de machos precoces) e acaba por ajudar a pressionar o valor da arroba de uma maneira geral. Importante posicionar que só pressiona por conta de um escoamento interno prejudicado pela demanda reprimida.

 

Demanda reprimida no Brasil por falta de recursos financeiros. Ocorre que cerca 70% da carne bovina produzida no País fica no mercado doméstico. Hoje temos um cenário que pressiona o produtor rural, o mercado atacadista e o consumidor. O desemprego diminuiu no país, mas a elasticidade do poder de compra é muito relevante. Também, durante a pandemia do Covid-19 o Governo disponibilizou bolsas e a população comprava mais carne.

 

Os outro 30% são para o mercado externo. Há alguns anos, antes da peste suína africana na China, a porcentagem girava em torno de 18%. Temos um começo de ano com muitas habilitações ou reabilitações de plantas frigoríficas para a China e Indonésia. Na China, acredito que há uma classe média que cresce no consumo de carne bovina, uma espécie de “novo mercado tradicional de consumo”.

 

A Indonésia consome muita carne bubalina da Índia e a carne bovina do Brasil chega com preço pela tonelada mais competitivo do que a carne bovina da Austrália. Não é automático. A indústria frigorífica brasileira não vai exportar imediatamente, mas abre a janela, com muitas possibilidades, diversificando o mercado internacional da carne bovina embarcada pelo Brasil que hoje tem a China como destino de 60% de tudo que deixa nossos portos.

 

Semana passada eu destacava o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e escrevia aqui que a China deve importar e consumir mais carne bovina em 2023. Um outro dado, que já destacávamos aqui desde o ano passado ganho contorno, números. O rebanho norte-americano está menor, eles estão em ciclo contrário ao nosso e já tinha escrito sobre o volume menor de carne a ser produzida pelos EUA. O último relatório mostra uma queda no número de animais de 1% em um ano e 6% de recuo, quando comparado ao ano de 2020. O rebanho yankee está estimado pelo USDA em 88 milhões de cabeças. O que é motivo para se animais um pouco por aqui.

 

Para a semana, o cenário não muda. A indústria vai seguir testando a resistência da pecuária, oferecendo valores menores pela arroba.

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