Em recado ao presidente Jair Bolsonaro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli fez uma analogia com os Jogos Olímpicos de Tóquio nesta terça-feira, durante abertura dos trabalhos do segundo semestre do Judiciário, para dizer é ser essencial "o genuíno respeito às regras do jogo, ao papel dos árbitros e à aceitação dos resultados".
Toffoli disse aos colegas da Primeira Turma do STF – entre eles o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso – que as semelhanças entre o evento esportivo e o jogo democrático não são "mera coincidência".
"A cada quatro anos, o espírito olímpico nos mostra que a humanidade é capaz de competir em paz. Para nós, que atuamos como árbitros do jogo democrático em tempos turbulentos, tanto nesta Corte quanto no TSE, os exemplos edificantes de respeito e humildade dos brasileiros que nos representam em Tóquio são um alento", disse Toffoli.
Segundo ele, os atletas dão a lição de que "o respeito às regras do jogo e à autoridade dos que zelam pelas regras é a base de qualquer convivência sadia e pacífica" e uma fórmula "que funciona não só no esporte, mas na convivência entre as diferenças" na democracia – algo que "o Brasil soube construir e saberá manter".
O discurso é uma resposta às constantes declarações de Bolsonaro – baseadas em boatos – para descredibilizar o sistema de votação brasileiro. Na segunda-feira, o TSE abriu investigação contra Bolsonaro e, em outra frente, pediu que o presidente seja incluído no inquérito das "fake news", que tramita no STF.
Toffoli também comparou a tecnologia usada pelos juízes nas Olimpíadas com a adotada pela Justiça Eleitoral nas urnas eletrônicas – outro recado a Bolsonaro, que tem defendido a o voto impresso. "Os árbitros têm sido cada vez mais apoiados pelos recursos da tecnologia. Quanto mais tecnologia, mais justiça na aferição dos resultados."