São Paulo, 19 - A primeira estimativa para a safra brasileira de café em 2023 indica produção de 54,94 milhões de sacas de café beneficiado, o que corresponde a um crescimento de 7,9% em comparação com o ano passado (50,9 milhões de sacas). As informações são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu primeiro levantamento da safra de café 2023, divulgado hoje. A estatal destaca que a produção deve crescer, "mesmo neste ano de bienalidade negativa", quando a safra de arábica tende a não apresentar todo seu potencial produtivo. Segundo a Conab, para o café arábica, as estimativas iniciais apontam para uma retomada de produção em Minas Gerais, principal Estado cafeicultor do País, o que causa impacto positivo sobre a perspectiva nacional, mesmo com os efeitos da bienalidade negativa sobre muitas das regiões produtoras. A safra mineira deve atingir 27,49 milhões de sacas, aumento de 25,2% em comparação com o ano passado (21,96 milhões de sacas). A safra nacional de arábica está estimada em 37,43 milhões de sacas, 14,4% maior ante 2021 (32,72 milhões de sacas). "De maneira geral, há um aumento na área total do País em produção em relação ao ciclo passado, bem como uma estimativa de incremento na produtividade média, impulsionado, particularmente, pelos rendimentos médios esperados em Minas Gerais, São Paulo e Paraná", explicou em comunicado o superintendente substituto de Informações da Agropecuária, Rodrigo Souza. Quanto ao café conilon (robusta), depois de uma safra recorde em 2022, a perspectiva para a temporada atual sinaliza uma certa redução no potencial produtivo, particularmente em virtude de intercorrências climáticas registradas no Espírito Santo, principal Estado produtor da espécie, o que causou forte impacto nas lavouras em fases iniciais do ciclo. Os produtores capixabas devem colher 11,46 milhões de sacas, representando queda de 7,3% em relação ao ano passado (12,36 milhões de sacas). A produção nacional de conilon está projetada em 17,51 milhões de sacas, queda de 3,8% ante 2021 (18,20 milhões de sacas). "Mesmo com o aumento na área em produção, a estimativa para o rendimento médio deve sofrer um decréscimo em relação à safra anterior", revelou o gerente de Acompanhamento de Safras da Companhia, Rafael Fogaça. A área total destinada à cafeicultura no País em 2023, calculando as duas espécies mais cultivadas no País (arábica e conilon), totaliza 2,26 milhões de hectares, aumento de 0,8% sobre a área da safra anterior, com 1,9 milhão de hectares destinados às lavouras em produção e 355,5 mil hectares em formação. "Vale destacar que, nos ciclos de bienalidade negativa, os produtores costumam realizar tratos culturais mais intensos nas lavouras, que só entrarão em produção nos próximos anos", ressaltou no comunicado o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro. "Nas últimas safras, a estabilidade na área brasileira de café tem sido compensada pelos ganhos de produtividade, representado pela mudança tecnológica observada na produção cafeeira no País." Em outros Estados, o Boletim estima uma produção esperada em São Paulo de 4,72 milhões de sacas da espécie arábica, representando crescimento de 7,7% em comparação ao resultado obtido em 2022. Na Bahia, o crescimento previsto é de 0,6% na produção total, com 3,62 milhões de sacas em todo o Estado, sendo 1,23 milhão de sacas de arábica e 2,39 milhões de sacas de conilon. Em Rondônia, a produção deve chegar em 2,94 milhões de sacas de conilon, acréscimo de 5,1% em comparação à safra passada. No Paraná, onde o cultivo é unicamente de café arábica, há previsão de crescimento de 47,2% na produtividade, com produção chegando a 733 mil sacas. No Rio de Janeiro, a produção estimada em 259,6 mil sacas de café arábica reflete redução de 11,8% em relação à safra passada. O Estado de Goiás também sinaliza redução de 16% na produção, e deverá produzir 233,3 mil sacas de café em 2023. Já em Mato Grosso, a previsão é de crescimento de 2%, alcançando um volume de 232,5 mil sacas, resultado do início de produção dos cafezais clonais inseridos a partir de 2020.