O melhor desempenho dos animais de produção tem o bem-estar como uma dos pilares fundamentais. Ou seja, os que têm supridas as necessidades nutricionais, de saúde, ambientais e manejados adequadamente apresentam maiores oportunidades para expressar seu potencial genético, contribuindo para impulsionar a produtividade.
De acordo com o médico-veterinário gerente de serviços veterinários para bovinos da Ceva Saúde Animal, Marcos Malacco, o bem-estar animal deve estar na pauta central dos protocolos de reprodução na pecuária e, ações ao entorno do tema, bem como sanidade, devem crescer, em adoção, cada vez mais nos próximos anos.
“Estudos relacionados à etologia animal têm contribuído bastante para a compreensão do comportamento natural dos animais. Eles fornecem importantes informações sobre como os animais de produção gostam de viver (gregariedade), como é a visão e audição dos mesmos, além do estabelecimento da hierarquia dentro do grupo”, informa o especialista.
Na opinião do especialista, compreendendo melhor esses fatores, é possível melhorar as condições para manejá-los adequadamente de forma menos agressiva e mais respeitosa. “Claro que os avanços em nutrição, o estabelecimento de calendários sanitários preventivos e o avanço genético também têm importante papel”, completa.
Contribuição da tecnologia
Em decorrência das preocupações com a saúde dos animais e o incremento de produtividade de forma sustentável, Malacco considera que o aumento da eficiência produtiva do rebanho tem sido um dos motivos pelos quais os pecuaristas têm aderido às práticas de reprodução assistida do gado, principalmente à inseminação artificial em tempo fixo (IATF).
“A produtividade pecuária sustentável é embasada na genética do rebanho, na reprodução, na nutrição, na saúde, no manejo e no gerenciamento da atividade e cada um desses pilares deve receber a atenção devida”, explica. “De maneira geral, a genética e a reprodução são fatores multiplicadores, enquanto os demais são garantidores da produção pecuária sustentável”, acrescenta.
Ainda no quesito reprodução, Malacco lembra que a estação de monta é o período em que se intensifica o manejo de fecundação das fêmeas, e que permite pensar de forma estratégica as outras fases importantes da fazenda relacionada ao manejo nutricional e sanitário do rebanho, além de ter um controle maior dos nascimentos.
O médico-veterinário também esclarece que os protocolos hormonais de IATF são diferentes para animais de corte e animais de leite, em razão das diferentes características metabólicas e reprodutivas, e também sofrem mudanças de acordo com o sistema de produção. No caso do gado mantido à pasto, por exemplo, ele diz que é necessário um protocolo com menos progesterona do que para os animais confinamento, como é o caso do gado de leite.
O especialista explica ainda que na pecuária de corte a previsibilidade reprodutiva é um pilar importante, uma vez que traz, através da estação de monta, a otimização de manejo de nascimento, programando a melhor época para que nasçam bezerros mais saudáveis que serão os bois mais pesados no futuro.
“Já para o gado de leite, a prática contribui para a redução do período vazio das fêmeas, melhorando a produção média do rebanho e, por consequência, contribuindo para a melhor diluição dos custos fixos das fazendas além de acelerar o ganho genético pelo melhor desfrute das bezerras que ficarão no plantel”, destaca.
Por fim, Malacco alerta que a implementação de programas nutricionais, de acordo com o tipo de exploração e categorias existentes, a elaboração e o cumprimento de calendários sanitários adequados à propriedade e o gerenciamento de todas as atividades envolvidas são fundamentais. “Atualmente há programas oferecidos a pecuaristas de corte e leite que colaboram bastante nessas atividades”, arremata.