03/08/2021 às 14h00min - Atualizada em 03/08/2021 às 14h00min

Subnotificação global de mortes por covid-19 é de ao menos 1 milhão, diz estudo

Governos de todo o mundo relataram até o momento mais de 4,2 milhões de mortes por covid-19 à Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas um estudo do World Mortality Dataset, divulgado pelo jornal “Financial Times”, afirma que esse número é significativamente maior.

Um banco de dados que estima o excesso de mortalidade no mundo estima que houve 1 milhão de mortes por covid-19 a mais do que o registrado nos balanços oficiais sobre a pandemia, mesmo sem considerar os números da Índia e da China.

O estudo avaliou a precisão dos relatórios dos países calculando a proporção de mortes em excesso – o número de óbitos a mais do que o esperado para o período – e comparando esse dado com as estatísticas oficiais dos governos sobre a covid-19.

Tadjiquistão, Nicarágua, Uzbequistão, Belarus e Egito foram os países que mais tiveram subnotificação de mortes por covid-19, segundo os autores do estudo. Os relatórios mais precisos foram de países europeus, com exceção de Romênia e Eslováquia, além de Belarus.

Ariel Karlinsky, economista e estatístico da Universidade Hebraica de Jerusalém, e Dmitry Kobak, pesquisador da Universidade de Tübingen, na Alemanha, concluíram que os problemas nos dados estão sendo causados por diagnósticos incorretos ou por subnotificação das mortes por covid-19.

No momento em que o estudo foi realizado, a Rússia, por exemplo, registrava 110 mil mortes por covid-19, mas o excesso de mortalidade no país indica que o número real é muito superior. A própria agência de estatísticas russa, a Rosstat, reconheceu, no fim do ano passado, que o total de óbitos provocados pelo vírus podia ser três vezes maior do que o oficial.

O excesso de mortalidade no geral foi maior nos Estados Unidos, Brasil, Rússia e México. Dados da China, onde o vírus foi inicialmente detectado, e da Índia, que enfrentou um surto devastador no início deste ano, não estavam disponíveis e não foram considerados pelos pesquisadores.

Austrália e Nova Zelândia, por sua vez, tiveram muito menos mortes do que o esperado pelas autoridades. Os autores atribuíram a queda aos “lockdowns” para conter a covid-19 e ao distanciamento social, que diminuíram a circulação do vírus da gripe nesses países.

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