São Paulo, 30 - O pecuarista e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) Pedro de Camargo Neto avalia que o senador Carlos Fávaro (PSD-MT), anunciado na quinta-feira, 29, como ministro da Agricultura no novo governo, é o "nome certo" para encarar os desafios do agro na futura gestão. "Ele assumirá em um período de safra menos lucrativa, preços mais ajustados, juro elevado. Será um período mais difícil, mas vejo que a agricultura ligada à exportação ninguém segura; o que seguraria seria atrapalhar as exportações com ideias atrasadas de taxar exportações, mas Fávaro é o nome certo para encarar esses traumas porque conhece o setor, em especial em seu Estado, Mato Grosso", disse ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Para Camargo Neto, Fávaro se "sairá bem" em meio à resistência dos produtores rurais ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. "Acredito que o tempo ajudará a refazer as pontes e diminuir a polarização, não só do agro. Fávaro é agricultor, conhece os temas do setor, foi da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e conheceu a reação do antipetismo. Entre os nomes que circularam, é o mais ligado ao setor e melhor alternativa", avaliou. Sobre a divisão da estrutura do Ministério da Agricultura em Agricultura e Pecuária, Desenvolvimento Agrário (MDA) e Pesca, Camargo Neto disse que Fávaro tende a manter diálogo com o MDA, assim como outras pastas, como a da Fazenda. "MDA e Agricultura serão duas pastas de duas linhas diferentes. Cada um fará seu trabalho. Fávaro, sem dúvidas, terá de enfrentar dificuldades com o orçamento, o que depende de articulação com Fazenda", apontou, ressaltando ser contrário à divisão da pasta. Em relação à gestão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o líder ruralista avalia que, com o ministério dividido, a estatal deve ficar com o MDA, em virtude de o foco ser o programa de aquisição de alimentos em pequenos volumes. "Conab foi muito relevante quando tinha política de preços mínimos, que hoje perdeu relevância. Junto com a Conab, o MDA terá que arcar com seu orçamento pesado e ineficiente, de cerca de R$ 850 milhões", afirmou.