A produção da indústria brasileira ficou estável em junho, frente a maio, segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em maio, o indicador teve alta de 1,4%, após três quedas seguidas, e se equiparou ao patamar do pré-pandemia, em fevereiro de 2020, que foi mantido com a variação nula de junho.
O desempenho ficou pouco abaixo da mediana das estimativas de 27 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, de uma variação de 0,1%, livre dos efeitos sazonais. As projeções iam de queda de 1% a crescimento de 0,9%.
Frente a junho de 2020, a produção industrial subiu 12%, em função da base de comparação baixa. Em junho de 2020, a indústria ainda enfrentava restrições de funcionamento por causa do início da pandemia. Por esta base de comparação, a expectativa mediana do mercado era de que o indicador tivesse avançado 12,3% conforme levantamento do Valor Data. As estimativas iam de alta de 9,9% a 14%.
No segundo trimestre, a produção da indústria brasileira teve queda de 2,5% frente ao primeiro trimestre, na série com ajuste sazonal. Frente ao segundo trimestre de 2020, houve alta de 22,6%. O resultado reflete, segundo o gerente da Pesquisa, André Macedo, o recrudescimento da pandemia, com o desarranjo da produção, desemprego elevado e renda em queda.
“Mesmo com o avanço da vacinação e a maior circulação de pessoas, permanecem os efeitos da pandemia sobre a indústria, com desarranjo da cadeia produtiva, com desabastecimento de insumos e peças, e permanece com o mercado de trabalho com desocupação em patamares elevados, renda disponível menor das famílias, por causa dos preços. Desemprego e nível de preços mais elevados são fatores acontecendo há algum tempo e afetam o processo da produção industrial”, afirma o gerente do IBGE.
A produção industrial acumulou crescimento de 6,6% em 12 meses. Com isso, intensificou a expansão observada em abril (4,9%) e permaneceu com a trajetória predominantemente ascendente, iniciada em agosto de 2020 (-5,7%).
No resultado acumulado em 2021, até junho, a indústria avança 12,9%.
Apesar de ter permanecido estável frente a maio, a indústria brasileira teve predominância de comportamentos negativos em junho, com três das quatro das categorias econômicas e 14 dos 26 ramos pesquisados em queda no mês.
Das quatro grandes categorias econômicas do setor industrial pesquisadas pelo IBGE, apenas a de bens de capital teve alta de produção em junho, em relação a maio, feito o ajuste sazonal. Frente a junho de 2020, todas as quatro atividades cresceram.
A produção de bens de capital avançou 1,4% de maio para junho. Na comparação com junho de 2020, a alta foi de 54,8%.
Já os bens intermediários - categoria que representa 55% da indústria – recuaram 0,6% em junho frente a maio, e subiram 10,8% em relação a junho de 2020.
O resultado de bens semi e não duráveis foi de baixa de 1,3% na produção em junho, frente a maio, segundo os dados do IBGE. Na comparação com junho de 2020, houve avanço de 1,6%.
Já os fabricantes de bens duráveis registraram queda de 0,6% entre maio e junho. Na comparação com junho de 2020, a produção sobe 31%.
Em junho frente a maio, 14 dos 26 ramos pesquisados mostraram queda na produção.
Entre as atividades, as influências negativas mais importantes vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,8%), segmento que voltou a recuar após crescer nos meses de abril (1,6%) e maio (0,3%); celulose, papel e produtos de papel (-5,3%), com o terceiro mês seguido de queda e acumulando nesse período perda de 8,4%; e produtos alimentícios (-1,3%), eliminando parte do avanço de 2,9% registrado em maio.
Por outro lado, a atividade de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,1%) exerceu o principal impacto positivo nesse mês, intensificando a expansão de 2,7% observada em maio.