03/08/2021 às 11h00min - Atualizada em 03/08/2021 às 11h00min

Dólar opera em forte alta e bate R$ 5,25 com riscos locais no radar

Diante dos ruídos políticos e fiscais que se avolumam na cena doméstica brasileira, o dólar iniciou os negócios desta terça-feira registrando forte alta contra o real, enquanto os juros futuros também subiam, ponderando a piora dos riscos locais e aguardando pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira.

Ao redor das 10 horas, o dólar comercial era cotado a R$ 5,2352 no mercado à vista, disparando 1,35%. Na máxima do dia, alcançou R$ 5,2562.

A Commcor nota que, na véspera do Copom, os ativos locais mostram “fragilidade ímpar em meio às tensões políticas e fiscais”, com destaque à CPI da Covid, o conflito entre Poderes e a “ofensiva populista” do presidente Jair Bolsonaro por meio de um programa social “bombado” que torna a trajetória fiscal ainda mais delicada.

A corretora observa ainda que agentes de mercado devem continuar observando a instauração de inquérito administrativo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra Bolsonaro, com notícia-crime enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de críticas e ameaças ao sistema eleitoral.

No mercado de juros, as taxas futuras ao longo de toda a extensão da curva a termo disparavam quase 30 pontos-base (0,3 ponto percentual) na porção longa da curva. O juro do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 avançava de 6,30% no ajuste anterior para 6,355%; a do DI para janeiro de 2023 disparava de 7,85% para 7,99%; a do contrato para janeiro de 2025 variava de 8,77% para 9% e a do DI para janeiro de 2027 tinha alta de 9,08% para 9,34%.

“A escolha de call para esta terça-feira é de continuidade de abertura [alta] de taxas da curva, diante de informações domésticas mais desconfortáveis”, aponta a Renascença. Na agenda de indicadores, o destaque para o contexto inflacionário do Índice Preços ao Consumidor da Fipe, que acelerou de 0,90% para 1,02% na passagem da terceira para a última quadrissemana de julho, resultado que superou tanto a mediana das estimativas como o teto do intervalo das projeções.

“Considerando que hoje é véspera da decisão do Copom, esse é mais um dado que poderá favorecer uma postura ‘hawkish’ [inclinação à retirada de estímulos] por parte do colegiado”, avalia. No campo político, diz a Renascença, houve evidente piora das relações entre o TSE e Bolsonaro, com o pedido de investigação ao presidente da parte do tribunal. “Além disso, questões envolvendo o reajuste do Bolsa Família e os precatórios também seguem no radar.”

Ademais, com os temores sobre uma desaceleração da atividade global ganhando tração, à medida que a disseminação da variante delta da covid-19 impacta a economia da China e de países no Ocidente, a produção industrial brasileira decepcionou o mercado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a produção industrial ficou estável em junho ante maio, sendo que a expectativa de economistas era de leve avanço, de 0,1%. Na base anual, a indústria cresceu 12%.

Também cabe pontuar que o Tesouro Nacional realiza, hoje, um leilão de títulos atrelados à inflação, as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), em um momento em que o mercado se encontra bastante receoso sobre a trajetória do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2022. Será relevante observar a demanda dos agentes pelos papéis a serem ofertados hoje, que têm vencimentos em agosto de 2024, agosto de 2028 e maio de 2040.

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