09/12/2022 às 09h42min - Atualizada em 09/12/2022 às 09h49min

Especialistas fazem críticas a projeto europeu contra compra de produtos de áreas desmatadas

O engenheiro agrônomo e diretor-proprietário da Scot Consultoria, Alcides Torres, fez fortes críticas aos eurodeputados após o Parlamento Europeu aprovar, em 6 de dezembro, projeto que proíbe a compra de produtos agropecuários de regiões que foram desmatadas.

Torres diz que a medida não tem nada a ver com a proteção do meio ambiente. É mais uma forma de ajuda aos produtores rurais europeus, assim como os polpudos subsídios que eles recebem.

Pra Torres, está na hora dos governos e produtores europeus entenderem que a agricultura tropical praticada no Brasil jamais será alcançada pela produção de regiões frias, onde a produção é menor e não há possibilidade de duas safras ao ano.

O analista sugere que o projeto tem uma ‘’pegadinha’’ ao evitar o termo “de regiões ilegalmente desmatadas”. No Brasil, a maioria dos produtores, agrícolas ou pecuaristas, trabalha em áreas com desmatamento consolidado há muitas décadas e tem as leis ambientais mais restritivas do mundo.

‘’Na verdade, é uma decisão para proteger os produtores europeus”, diz Torres. Lembra que num momento de crise mundial, com escassez de alimentos nos países pobres, uma lei como essa é desumana.

Para ele, antes de penalizar esses países, os europeus deviam criar um Fundo para investir em agricultura sem desmatamento nessas regiões produtoras muito pobres. O Brasil não vai passar ileso da medida.

Mesmo com todas essas travas, ele afirma que a agricultura brasileira é preparada, de região tropical e os europeus nunca vão conseguir tecnologia e condições climáticas para sua produção agrícola, como as que existem aqui. “O Brasil tem a melhor agricultura tropical do mundo.”

Claro que os europeus tomam suas decisões sem dar satisfação. No entanto, nesse caso, teria sido de bom tom, segundo Alcides, se eles tivessem conversado com os produtores dos países que vão ser afetados. Talvez descobrissem coisas que podem ser alteradas sem imposições.

Outra determinação é o rastreamento dos produtos. Nesse caso, a empresa rastreadora é uma multinacional, com preços impostos unilateralmente, cujo custo final sobra apenas para o produtor, já cheio de limitações.

Na verdade, segundo Torres, “é que os países tropicais dão um banho de agricultura neles”, mas não deixa de ficar preocupado com a medida. “Não é para salvar a população mundial, evitar a fome, alimentar a população. É para proteger o Europeu”, conclui.

Da Redação, com Scot Consultoria

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