O Ibovespa tem alta na primeira sessão de agosto e chegou a subir 2%, reavendo a faixa dos 124 mil pontos, em um movimento de recuperação depois do tombo na última sessão de julho, quando caiu pouco mais de 3%. Apesar da valorização, o índice da bolsa paulista perdeu o fôlego nesta tarde, com uma mudança de rumo em Nova York.
Perto de 16h40, o Ibovespa avançava 0,84%, aos 122.829 pontos.. Na máxima, bateu 124.536 pontos; na mínima, ficou em 121.797 pontos. No mesmo horário, em Nova York, o Dow Jones e o S&P 500 deixaram o campo positivo e tinham baixa.
Segundo a operadora de renda variável da B.Side Investimentos, Viviane Vieira, o mercado doméstico tem uma típica sessão de repique, depois da forte pressão vendedora ao fim da semana passada, quando ruídos políticos sobre o teto de gastos e o Bolsa Família estressaram os investidores. “Já era esperada uma recompra forte, com o mercado se acalmando”, afirma.
Ainda assim, a operadora do escritório plugado ao BTG Pactual observa que a temporada doméstica de balanços referentes ao segundo trimestre deste ano ajuda a sustentar a bolsa. “Os balanços do setor bancário são destaque nesta semana e o setor deve reagir bem”, emenda Viviane.
No horário acima, Banco do Brasil ON subia 1,33%, antes da publicação dos resultados, na quarta-feira. Os papéis ON do Bradesco tinham ganhos de 0,58% e Itaú PN, que divulga seus resultados após o fechamento do pregão, avançava 1,11%.
Na outra ponta, BB Seguridade ON tinha 1,68% de recuo, reagindo à queda no lucro trimestral, impactado pelo aumento de sinistralidade em decorrência de óbitos por covid-19.
"Os investidores estão aproveitando o movimento negativo de sexta-feira e recompondo um pouco as posições para agosto. O destaque são algumas empresas que devem entregar bons balanços e, hoje, os destaques são os bancos", afirmou o analista da Terra investimentos Regis Chinchila.
Ele também nota que o resultado robusto do HSBC, que divulgou um lucro líquido de US$ 3,4 bilhões no trimestre de abril a junho, mais de 17 vezes acima dos US$ 192 milhões registrados no mesmo período do ano passado, também contribuem para a maior demanda dos investidores globais com o setor de bancos, o que traz reflexos no Brasil.
De acordo com o profissional, após uma forte valorização, na esteira das expectativas com o crescimento global robusto, deve começar a haver um fluxo de migração de ações ligadas a commodities para papéis mais ligados ao ciclo de retomada da economia local, como o setor do varejo.
"Algumas empresas do mercado local devem começar a ser melhor precificadas, já que há um diferencial entre companhias ligadas a commodities e aquelas mais relacionadas ao mercado interno, que deve começar a passar por um processo de reaquecimento", diz.
"Devemos ter uma migração de fluxos de commodities para companhias ligadas aos mercados locais, como varejo, comércio e shoppings, onde deve haver mais espaço para upsides. As commodities performaram muito acima das outras empresas recentemente", afirma.
Ele nota, como um exemplo da dinâmica, que a Petrobras hoje opera próxima da estabilidade, com queda de 0,19% das ações PN, enquanto os ganhos no setor de varejo são amplos.
Apesar de o comportamento do dia já estar praticamente definido, Viviane, da B.Side Investimentos, pondera que o mercado doméstico segue sensível ao noticiário vindo de Brasília. “Basicamente hoje é uma recuperação, mas o que pode mudar o rumo é algo negativo sobre o teto dos gastos, com o mercado reagindo”, pondera. A expectativa é de que a volta aos trabalhos do Congresso tragam desdobramentos sobre o tema.
Fora do Ibovespa, chama a atenção o comportamento das possíveis entrantes na próxima carteira teórica do índice à vista, válida de setembro a dezembro. Segundo a B3, as possíveis entrantes são: Alpargatas PN (ALPA4); Banco Inter PN (BIDI4); Banco Pan PN (BPAN4); Méliuz ON (CASH3) e Rede D’Or ON (RDOR3). A entrada dessas ações já é esperada pelo mercado financeiro, conforme antecipou o Valor PRO em 16 de julho.
No horário acima, destaque para o salto de 13,91% de Alpargatas PN, reagindo ao balanço do segundo trimestre e à inclusão na primeira prévia. O próximo rebalanceamento da carteira do Ibovespa será realizado em 6 de setembro; antes disso, serão publicadas duas pré-visualizações, em 16 de agosto e 2 de setembro. Caso seja confirmada a prévia divulgada hoje, o Ibovespa passará a contar com 89 ações, um número recorde.