São Paulo, 21 - Um dos dois maiores sindicatos que representam trabalhadores de ferrovias dos Estados Unidos rejeitou, nesta segunda-feira, a proposta de um acordo salarial negociado pela Casa Branca, o que abre a possibilidade de uma greve no início de dezembro. O sindicato Smart-TD disse que voltaria à mesa de negociações com os dirigentes das ferrovias para um acordo revisado com prazo de 8 de dezembro. Sem acordo, os trabalhadores poderão entrar em greve em 9 de dezembro. "Isso tudo pode ser resolvido por meio de negociações e sem greve", ponderou o presidente do SMART-TD, Jeremy Ferguson. A última greve do setor nos Estados Unidos ocorreu em 1991 e durou cerca de 24 horas antes de o Congresso e o então presidente George W. Bush assinarem medida obrigando os trabalhadores a voltar aos seus empregos. "Como o presidente disse desde o início, uma paralisação é inaceitável por causa dos danos que causaria a empregos, famílias, fazendas, empresas e comunidades em todo o país", disse um funcionário da Casa Branca nesta segunda-feira. A SMART-TD disse que 50,87% da categoria ligada ao serviço de trens e locomotivas votaram pela rejeição do acordo. Já o sindicato BLET disse que 54% dos membros que participaram da votação optaram por aceitar o contrato de cinco anos. O BLET representa cerca de 24 mil maquinistas de locomotivas e outros trabalhadores ferroviários abrangidos pelo acordo. Trabalhadores de oito dos sindicatos já ratificaram seus acordos. A SMART-TD e os três sindicatos cujos membros rejeitaram seus acordos provisórios estão de volta à mesa de negociações com as ferrovias para um acordo revisado. Os funcionários das ferrovias dizem estar sobrecarregados em meio à escassez de mão-de-obra e pedem por valorização e melhores condições de trabalho. O acordo de cinco anos ofertado pela Casa Branca, que substitui um contrato caducado, prevê um aumento de 24% nos salários de 2020 a 2024 e um dia adicional de folga remunerada, além das férias e da folga remuneradas já existentes. Os sindicatos concordaram em manter a operação para dar tempo para mais discussões quanto ao acordo. As ferrovias de carga movimentam cerca de 40% da carga de longa distância dos EUA, que incluem matérias-primas como carvão, madeira, material de construção e material automotivo. Mesmo uma greve curta pode levar a desvios e causar atrasos e congestionamentos, atrasando a recuperação em algumas cadeias de suprimentos. As maiores ferrovias de carga, Union Pacific Corp, CSX Corp, BNSF Railway e Norfolk Southern Corp, vêm lidando com atrasos e problemas de serviço há mais de um ano. Eles disseram que a contratação e retenção de trabalhadores são prioridades para corrigir interrupções.