10/11/2022 às 12h19min - Atualizada em 10/11/2022 às 12h20min

A encruzilhada do Brasil na COP27 no Egito

Na abertura da COP27 no Egito, que está acontecendo nesta semana, o presidente da Organização das Nações Unias (ONU), Antônio Guterrez, disse na abertura que o mundo está “a caminho de um inferno climático”. A COP reúne quase 200 países preocupados em evitar que a temperatura do Planeta aumente em 1,5º até 2050, ponto considerado sem retorno pelos cientistas em relação às mudanças climáticas.

A postura do presidente da ONU é resultado de 26 reuniões anteriores e do Acordo de Paris, que traçou os caminhos para evitar o pior, mas que os países não colocam em prática as decisões definidas. Os países ricos, acusam os países pobres de não cumprirem os acordos anteriores. No entanto, mesmo os países ricos, deixam de implementar políticas definidas pelo acordo.

O problema do aquecimento global a partir da emissão de gás carbônico na atmosfera tem duas vertentes. A primeira, tem profundas ligações com o Brasil. Mais de 50% dos gases do efeito estufa tem origem no corte e incêndios em florestas. Mas não apenas nas florestas brasileiras. Na República do Congo e na Índia suas florestas estão sendo dizimadas. O restante, é proveniente da queima de combusteis fósseis pelos países mais desenvolvidos.

A guerra a Rússia na Ucrânia piorou o cenário ao levar a Rússia a parar de exportar gás natural. Muitos países que recebiam essa matéria prima não conseguem produzir energia limpa a partir de rios ou outras matrizes e se voltam para o uso do carvão para suprir as suas necessidades. O carvão é o maior emissor de gás carbônico entre todos os combustíveis fósseis.

Por isso, a grande discussão no Egito é avançar para colocar em prática todas as medidas definidas nas Conferências do Clima realizadas até aqui. É hora de sair do discurso e colocar em prática medidas que vão mitigar os efeitos da emissão dos gases do efeito estufa. Em seu discurso de abertura da Conferência, Guterrez disse que “estamos na luta de nossas vidas. E estamos perdendo. As emissões de gases do efeito estufa continuam crescendo. E nosso Planeta está se aproximando rapidamente de pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível. Estamos em uma estrada no caminho para o inferno climático com o pé no acelerador”, concluiu dramaticamente.

O problema do Brasil se chama desmatamento e queimadas. Temos mais de 50% de produção de energia elétrica limpa, através das hidroelétricas e um potencial de mais de 50 Usinas hidroelétricas de Itaipu para a energia eólica. Essas usinas estão sendo estudadas para ser instaladas no mar de uma região do Nordeste, há 30 quilômetros do litoral, onde o mar é mais raso, e que tem vento 24h ao dia e os investimentos são extremamente rentáveis, segundo o Ministério das Minas e Energia. Isso sem falar no potencial da energia solar.

O desmatamento da Amazônia está ligado a doutrina de segurança nacional. Parte do stablishmant brasileiro acredita que enquanto a região não for ocupada o país corre o risco de perder parte de seu território se a sua soberania sobre a região for questionada. Outra parte do país acredita que a destruição da floresta pode provocar questionamento internacional em relação à nossa capacidade em administrá-la e provocar o interesse internacional em ocupar a região para impedir que ela desapareça.

Embora o governo eleito tenha outra concepção sobre como administrar os biomas brasileiros, preservando e gerando renda para as populações que vivem nela, parte do grupo, incluindo o próprio presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, comunga da mesma noção de que grandes países estão de olho nas riquezas da região e que em algum momento, vão questionar a nossa soberania sobre o território.

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