São Paulo, 10 - Após anos de crescimento, as vendas de carnes vegetais nos Estados Unidos estão estagnadas, segundo levantamento da consultoria Deloitte, que apurou as possíveis razões por trás da desaceleração da demanda. Na pesquisa "Future of Fresh", a consultoria apontou que o mercado pode ser "mais limitado do que muitos pensavam". Para explicar a desaceleração, a Deloitte apontou que com a inflação elevada nos EUA, menos pessoas estão dispostas a pagar um preço mais alto por este tipo de produto. "A disposição de pagar um prêmio pela carne à base de plantas caiu 9 pontos porcentuais em relação ao ano passado e permaneceu bem abaixo do número de pessoas que dizem que pagariam um prêmio pelo alimento fresco tradicional", avaliou. Segundo a consultoria, produtores de carne vegetal acreditam que estão próximos de atingir o custo de paridade com a carne animal, em parte porque os preços da carne bovina estão subindo no mercado doméstico. "Mas até que eles cheguem lá, o preço provavelmente continuará sendo um vento contrário aos produtos - especialmente para consumidores que são menos apaixonados por eles", destacou. A Deloitte comentou também que os compradores de carne à base de plantas estão mudando de opinião sobre alguns de seus benefícios. "A maior mudança está nas percepções de saúde", indicou. Em 2021, cerca de sete em cada dez consumidores que compraram carne vegetal acreditavam que era mais saudável do que a carne animal. "Alguns desses consumidores estão mudando de ideia, pois neste ano o número caiu 8 pontos porcentuais. Uma queda semelhante, mas menor, ocorreu com a sustentabilidade ambiental, uma queda de 5 pontos porcentuais", pontuou. De acordo com a Deloitte, para voltar ao crescimento, os produtores de carne à base de plantas devem explorar maneiras de expandir seu mercado, reduzir os custos relativos e criar formulações que ofereçam benefícios à saúde, mantendo o sabor. "Não é uma tarefa fácil, mas até então, um retorno ao crescimento sustentado de dois dígitos pode ser difícil de realizar", disse o levantamento. No ano passado, os investimentos em proteínas vegetais provenientes de capital de risco global e grandes marcas de consumo cresceram bastante, lembrou a Deloitte. "Talvez as inovações resultantes possam ajudar a facilitar o caminho a seguir e levar o mercado para o próximo nível." A Deloitte apontou, ainda, que após interesse "significativo" da população norte-americana, a demanda "pode ter atingido um ponto de saturação". Segundo a consultoria, o número de consumidores que às vezes compram carne à base de plantas, para si ou para um membro da família, não cresceu em 2022. "A metade que não está comprando pode não ser facilmente alcançável e muitos dos que dizem que querem reduzir o consumo de carne vermelha ainda não estão interessados nos produtos", avaliou.