Nova York, 28 - Os preços futuros do algodão vêm apresentando quedas expressivas, com preocupações com uma demanda enfraquecida ofuscando, por enquanto, uma colheita potencialmente ruim, enquanto o dólar dispara para máximas de 20 anos. Os futuros da fibra acumulam perda de 25% desde o fim do mês passado, na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). As cotações da pluma vinham subindo durante a pandemia, passando de US$ 1 por libra-peso há um ano, após restrições ao algodão produzido na região de Xinjiang, na China, em virtude das suspeitas de trabalho forçado para colhê-lo. Os preços só chegaram a esse nível três vezes durante a década de 1950. Grande parte da pressão recente de venda vem das lutas dos fabricantes de roupas, que estão prevendo uma queda na demanda à medida que o crescimento econômico global desacelera e o apetite pelos produtos diminui. O aumento nas taxas de juros pelo Federal Reserve (FED, banco central dos EUA), acompanhado por outros bancos centrais ao redor do mundo, também prejudica a demanda pela pluma. "Com o aumento das taxas de juros e os temores gerais de recessão, inflação, etc., o pensamento é que haverá mais gastos com alimentos, combustível, itens necessários para a vida em vez de roupas e móveis", disse a consultora de risco do grupo StoneX, Donna Hughes. A China, um dos maiores consumidores de algodão do mundo, relata a diminuição das importações e aumento dos estoques. Citando dados alfandegários chineses, a publicação do setor "Cotlook" disse em sua mais recente perspectiva mensal que a China importou 1,7 milhão de toneladas de algodão no ano comercial que terminou em julho. Isso representa uma queda de mais de 60% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao mesmo tempo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê que mais de 40% dos hectares plantados com algodão este ano não serão colhidos por causa da seca. A queda aproxima os preços de seus níveis típicos, com os futuros em Nova York, para dezembro/22, encerrando em queda ontem pela quarta sessão seguida, a 88,09 cents por libra-peso, queda de mais de 40% em relação ao pico de maio, o preço mais alto em mais de uma década. Por esse motivo, preocupações com a oferta podem rapidamente mudar a direção dos preços.