30/07/2021 às 12h00min - Atualizada em 30/07/2021 às 12h00min

Análise: Centrão cala sobre ‘live’ presidencial porque se fortalece com o golpismo de Bolsonaro

O silêncio obsequioso dos sócios majoritários do governo no PP ante o href='https://valor.globo.com/politica/noticia/2021/07/30/em-live-presidente-admite-nao-ter-provas-sobre-fraudes.ghtml'>clímax da desinformação sobre o processo eleitoral na “live” do presidente da República é eloquente em seus propósitos. A cada ataque de Jair Bolsonaro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a cada acusação de um “acupunturista de plantas” que ele apresenta como se fosse indício de fraude nas eleições, mais a dupla Ciro Nogueira e Arthur Lira se fortalece como avalista da democracia.

O ministro da Casa Civil e o presidente da Câmara tratam de guardar distância regulamentar das conspirações presidenciais. Seu partido é um dos 11 do grupo que, meses atrás, atestou a confiança nas urnas eletrônicas. O próprio Lira manobrou para esvaziar a maioria golpista na comissão que se debruça sobre o voto impresso. Mas, desde que Bolsonaro esteja sozinho no palco ou acompanhado dos asseclas habituais, o espetáculo é purpurina para o PP.

O artigo do consultor Mario Rosa, publicado na “Folha de S.Paulo” no mesmo dia da “live”, não poderia ter sido mais claro sobre os propósitos do partido. Ao defender a contribuição do Centrão para a governabilidade, ele disse que o presidente não pode errar quando faz movimentos diametralmente opostos. De fato, acerta no alvo pretendido pelo PP, que, ao tomar posse do governo, se regozija como garantia de estabilidade à medida que cresce o apelo presidencial do golpismo.

A princípio, PP e Bolsonaro se unem com vistas à reorganização do governo rumo às eleições de 2022, mas, até lá, o partido, seja no Executivo, seja no Congresso, terá mais meios para se garantir no poder que o presidente. O “fundão” eleitoral e os R$ 49 bilhões em emendas parlamentares estão talhados hoje para ajudar os candidatos proporcionais.

A Presidência da República depende do bem-estar da população, atual e futuro. É a dificuldade de Bolsonaro de garanti-lo que alimenta o golpismo de Bolsonaro. E é esse golpismo que alimenta o Centrão.

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