O dólar comercial e os juros futuros iniciaram os negócios desta sexta-feira em alta, refletindo o viés negativo dos ativos de risco no exterior, conforme investidores realizavam ajustes em seus portfólios na sessão de fechamento de mês.
Às 10h20, a moeda americana estava a R$ 5,0975, em alta de 0,37% ante o real. O dólar caminha, assim, para fechar o mês com ganhos de cerca de 3%. No mesmo horário, a divisa dava sinais mistos em relação aos pares emergentes do real.
A Commcor cita movimentos de ajustes de fim de mês no dia de hoje nos mercados globais para justificar a abertura negativa dos ativos locais, ressaltando também a fatores técnicos domésticos. “O mercado se pergunta se voltaremos a ver força vendedora para uma Ptax [taxa que baliza a liquidação dos contratos futuros de câmbio] ‘baixa’ superando a contraparte ou se a defesa dos R$ 5,00 se fará presente e voltaremos a ver fraqueza de nossa divisa”, pondera a corretora.
No mercado de juros futuros, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passava de 6,20% no ajuste anterior para 6,215%; a do DI para janeiro de 2023 variava de 7,56% para 7,62%; a do contrato para janeiro de 2025 tinha avanços de 8,36% para 8,45% e a do DI para janeiro de 2027 subia de 8,72% para 8,79%.
A Renascença avalia que há um movimento de abertura (elevação) dos juros, especialmente os de longo prazo, por causa das perdas dos mercados globais e, também, diante do noticiário negativo sobre o teto de gastos, com perspectivas de que o novo Bolsa Família possa ser bancado com recursos fora de despesas, segundo reportagem do “Estado de S. Paulo”.
Nesta manhã, o índice de gastos com consumo pessoal (PCE) dos EUA, indicador predileto de inflação do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, mostrou alta de 0,5% em junho na margem e de 4% na base anual (levemente acima das expectativas de 0,4% e 3,9%, respectivamente).
De outro lado, o núcleo (que exclui itens voláteis como alimentos e energia) do PCE subiu 0,4% e 3,5% nas comparações mensal e anual, menos do que o esperado (0,6% e 3,6%, respectivamente).
O dado referente a junho foi divulgado em meio ao arrefecimento do debate sobre uma antecipação do início do processo de retirada de estímulos pelo Federal Reserve (Fed), após a autoridade monetária americana reiterar a sua postura suave e paciente nesta semana e os dados piores do que o esperado do PIB americano do segundo trimestre ontem.
Mais cedo, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de maio mostrou que a taxa de desemprego desacelerou ligeiramente no trimestre móvel até maio, para 14,6%, ante 14,7% em abril. O movimento veio em linha com a mediana das projeções captadas pelo Valor Data com 27 instituições financeiras e consultorias.