São Paulo, 30 - Após um período de estiagem que limitou a produção de soja em 9,16 milhões de toneladas na temporada 2021/22, a safra verão 2022/23 deve ser 124,4% maior. Segundo estimativa divulgada na manhã desta terça-feira, 30, pela Emater RS/Ascar, durante a 45ª edição da Expointer, em Esteio (RS), a produção de soja 2022/23 pode atingir 20,56 milhões de toneladas no Estado. Segundo dados obtidos entre 1º e 19 de agosto a partir de levantamento realizado em 497 municípios do Estado, a produtividade da soja por área também tende a superar o ano anterior e ficar 112,7% maior em 2022/23, com 3,131 mil kg por hectare. Já área plantada com a oleaginosa é estimada em 6,569 milhões de hectares (+2,8% ante 2021/22). Segundo o diretor-técnico da Emater, Alencar Rugeri, é possível verificar uma mudança no "caminho da soja" no Estado. "A soja está avançando na metade sul do Rio Grande do Sul. Isso é uma questão importante, mas que também nos preocupa, porque nessa região há necessidade de um manejo mais profissional", disse. Na avaliação de Rugeri, apesar do custo dos insumos estarem elevados, a expectativa é que a oleaginosa alcance as previsões, especialmente com uma perspectiva climática favorável. O meteorologista Flavio Varoni, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, avaliou, durante a apresentação dos resultados da Emater, que o mês de agosto está "transcorrendo bem" do ponto de vista climático. "Estamos tendo um inverno bem típico e favorável. A condição é boa para a gente trabalhar este ano", disse. Varoni destacou que o La Niña tende atuar de forma mais expressiva sobre as culturas do Rio Grande do Sul durante a primavera, especialmente em outubro. "Durante o mês de outubro vamos ter sensação de que o inverno vai se prolongar um pouco mais", afirmou. Passado esse período, o meteorologista prevê que o La Niña "perca o sinal" e não tenha influência durante a estação seguinte. "Não acredito em grandes estiagens durante o verão", completou. <b>Milho</b> De acordo com a Emater RS/Ascar, a produção de milho do Rio Grande do Sul deve superar em 104,5% a temporada 2021/22 e alcançar o volume de 6,102 milhões de toneladas na safra 2022/23. A produtividade da cultura tende a ser 90,5% maior em relação à 2021/22, em 7,337 mil kg por hectare, enquanto a área plantada está prevista em 831,786 mil hectares, avanço de 5,9% ante a temporada anterior. Alencar Rugeri, em apresentação dos resultados, explicou que a importância do milho no Estado está associada às demandas para alimentação de suínos e aves, principalmente. "Mesmo que (a estimativa) se consolidar, não vamos atender à demanda, mas já é um salto interessante", disse. "Nós podemos dar um alento para essa pujança que é o setor de proteína animal no RS", acrescentou. A entidade também fez previsões para a safra verão 2022/23 de milho para silagem. Segundo a Emater RS/Ascar a área estimada será de 365,467 mil hectares na temporada, queda de 8,3% ante a temporada 2021/22. No entanto, a produção do grão deve atingir 13,83 milhões de toneladas (alta de 78% ante 2021/22) e a produtividade tende a ser 93% maior, totalizando 37,857 mil kg por hectare. <b>Arroz</b> Com o apoio do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a entidade prevê que a produção de arroz 2022/23 do Rio Grande do Sul atingirá 7,095 milhões de toneladas, queda de 7,9% ante a safra 2021/22. A produtividade da cultura tende a ser 1,1% menor, de 8,226 mil kg por hectare, enquanto a área plantada está prevista em 862,498 mil hectares, redução de 9,9% ante a temporada anterior. Na avaliação do presidente da Emater, Alex Corrêa, o acréscimo da conta de luz dos últimos anos e a necessidade de realização de correções de solo provocaram um aumento do custo da produção do arroz e fizeram com que os produtores abandonassem as áreas piores de cultivo e introduzissem a soja. Esse cenário explicaria, segundo ele, a queda nas estimativas de produção e área, mas uma variação marginal do resultado de produtividade por área, já que foram priorizadas as melhores regiões para manutenção do cultivo. O presidente da Emater explicou, ainda, que o alto endividamento com crédito rural para os produtores de arroz fez com que as próprias empresas "entregassem os insumos no plantio para pagar na colheita". Na avaliação dele, a próxima fronteira agrícola a ser alcançada, no sul do Estado, será o milho, que entrará em rotação com a soja e com o arroz. <b>Feijão </b> Além do arroz, apenas o feijão registrou queda na previsão de área plantada entre as culturas analisadas pela Emater RS/Ascar. A entidade afirmou que o plantio de feijão 1ª safra 2022/23 tende a ser realizado em 30,56 mil hectares, queda de 4,6% ante a temporada 2021/22. Em contrapartida, a produção do grão deve atingir 51,985 mil toneladas (+23,2% ante 2021/22) e a produtividade em quilos por hectares tende a ser 28,2% maior, totalizando 1,701 mil kg por hectare.