23/08/2022 às 11h13min - Atualizada em 23/08/2022 às 11h13min

Pecuária bovina de corte: “Até outubro mercado em baixa?”

A grande questão hoje para pecuária, pelo menos no lado da produção, do pecuarista, é se setembro também foi para a lona com o mês de agosto. Olha, sem embargos, mas com necessidade de desenvolver a ideia sobre o tema, vamos responder juntos no transcorrer do texto.

Nada mudou na situação citada nas últimas semanas e agravada nos últimos dez dias. O mercado doméstico segue sem reação, o atacado de carnes está rufando, com preços caindo (nesta última segunda-feira ficou no menor patamar do ano de 2022) o consumidor interno segue muito fragilizado e as escalas recuaram, na média nacional, em dois dias.

Mas como as escalas recuaram?

Sim, as escalas na média nacional recuaram dois dias, também caíram na mesma medida em Mato Grosso do Sul e em São Paulo, não por um reposicionamento de mercado, mas sim por falta de comercialização. As indústrias se ausentaram de fazer novas propostas na última semana, também os pecuaristas não estavam dispostos a ceder mais o preço. Contudo, o cenário que trouxe até alguma estabilidade para o preço da arroba do boi gordo (estabilidade por baixo) podemos dizer ser artificial, até porque a ponta compradora está com uma escala, de fato, muito folgada, que permite exercer ainda muita pressão negativa nos valores.

Com um fluxo tão baixo, há instabilidade para os negócios a partir desta semana, 22 de agosto, gerada a partir incertezas nos mercados físico e futuro, mostrando um cenário que há muito tempo o pecuarista brasileiro não experimentava. Em São Paulo o preço do boi não exportado para a China está em R$280 a arroba, enquanto o “Boi China” se encontra em R$310. Na média nacional, o “Boi China” é comercializado a R$300 por arroba.

Momento complicado: atacado e varejo

Aqui falo especificamente do mercado interno brasileiro. O mercado atacadista de São Paulo segue cheio e com preços em queda, em especial em cortes de dianteiro. Do outro lado, o varejo não absorve essa produção nem mesmo com os preços mais baixos. Portanto, um cenário duro de resolução. Como o varejo não faz a aquisição, o consumidor também não aproveita os preços mais baixos para elevar o consumo.

Nesta segunda-feira, uma das plantas frigoríficas que estavam de “férias” voltou a abater. E o que isso muda a história? Rigorosamente nada ou muito pouco. As demais unidades fabris de abates de bovinos retornam apenas em setembro e isso pesa negativamente na disputa e tamanho das escalas de trabalho.

Há uma conta muito importante a ser feita, mas que só seria possível ser realizada com precisão caso tivéssemos, com pontualidade, o tamanho do estoque do mercado atacadista. A retomada do preço da arroba e alguma tranquilidade na cadeia produtiva depende de uma recuperação rápida do poder de compra da população ou uma redução mais expressiva dos estoques do atacado de carne bovina e, consequentemente, das escalas de abates da indústria frigorífica. As variáveis citadas nos colocariam no jogo novamente a partir do final de setembro.

Enfim, começo a ser mais claro na resposta da pergunta de abertura. Se o senhor ou senhora está lendo a coluna e negociou boi na última semana, fez com programação de abate para o período de nove a quinze de setembro. Com uma escala na casa de 12 dias e sua manutenção ajustada de compras, uma melhora mais sensível de preços não viria antes da última semana de setembro.

Por outro lado, teremos um último trimestre mais interessante para arroba do boi gordo, mas até lá, as pressões devem seguir no mercado.

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