Um dia após o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, indicar que a recuperação da atividade econômica dos Estados Unidos ainda não estava completa, sinais de uma retomada mais fraca em solo americano derrubaram o dólar em nível global, o que se refletiu no mercado de câmbio local. Por volta de 13h20, o dólar voltava a se aproximar da marca psicologicamente importante de R$ 5, ao ser negociado a R$ 5,0452 no mercado à vista, em queda de 1,24%.
O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana contra uma cesta de outras seis divisas fortes, recua 0,47%, para 91,89 pontos. Além disso, em outros mercados emergentes, o dólar caía 0,24% contra o peso mexicano; cedia 1,10% na comparação com o rand sul-africano; recuava 1,13% ante a lira turca; e baixava 0,53% em relação ao rublo russo.
O resultado da primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA do segundo trimestre frustrou os participantes do mercado nesta quinta-feira. A economia americana cresceu 6,5% a uma base anualizada contra uma projeção de 8,4% dos analistas. A economista-chefe da Grant Thornton, Diane Swonk, avalia que grande parte do resultado abaixo do esperado se deveu aos gastos de governos estaduais e municipais, que se recuperarão ainda neste ano. Ela, contudo, avalia que uma preocupação maior está nos efeitos derivados da variante delta do coronavírus.
“Já houve um atraso ao retorno aos escritórios de algumas empresas para o fim deste ano e [a variante] aumentou a pressão sobre a vacinação dos funcionários. Estamos nos acostumando a gastar mais durante surtos, como observou o presidente do Fed, Jerome Powell, eu seus comentários de ontem, mas esses gastos têm sido apoiados por estímulos fiscais. Isso vai diminuir quando entrarmos em 2022”, aponta a economista em relatório enviado a clientes.
O PIB americano abaixo do esperado ajudou a dar alívio às moedas de mercados emergentes, que já vinham bastante pressionadas nas últimas semanas devido às preocupações com a variante delta do coronavírus e com a possibilidade de um menor aquecimento da economia global, onde os EUA cresceriam a uma taxa mais forte do que outros países. O resultado de hoje, assim, ajudou o dólar a voltar a se aproximar de R$ 5,00, em um momento no qual os agentes também apontam outros fatores para um maior fortalecimento do real no curto prazo.
A analista Alexandra Bechtel, do Commerzbank, nota que a economia brasileira tem apresentado um desempenho mais robusto do que o esperado, embora ainda existam incertezas consideráveis no cenário, que não devem ser ignoradas pelo Banco Central. “Diante de uma visão de expectativas de uma taxa de juros ainda mais alta no mercado, eu acredito que existe um potencial adicional de alta para o real”, aponta a profissional do banco alemão.