A temporada de balanços volta a dar o tom na bolsa brasileira, porém, desta vez, o Ibovespa é negociado em queda, na contramão do sinal positivo vindo de Nova York. O recuo acelerado nas ações da Vale e da Ambev pesa nos negócios locais, que voltam a testar a faixa dos 126 mil pontos.
Às 13h20, o Ibovespa caía 0,52%, aos 125.633 pontos, depois de ceder até os 124.917 pontos, na pontuação mínima do dia. Na máxima, o índice à vista oscilou em alta, indo até os 126.476 pontos. O volume financeiro somava R$ 12 bilhões, projetando giro de R$ 28 bilhões até o fim do dia, sendo que as instituições financeiras cujo perfil de clientes são majoritariamente estrangeiro atuam mais na ponta vendedora.
Essas ordens de venda são concentradas nas ações de Vale e Ambev, movimentando R$ 1,15 bilhão e R$ 169 milhões, respectivamente, na primeira e terceira colocação dos papéis mais negociados. No horário acima, Vale ON caía 1,85%, enquanto Ambev ON recuava 1,96%, figurando entre os destaques de maiores baixas, em meio a uma realização de lucros.
Para a equipe da XP Investimentos, os resultados da mineradora são sólidos, refletindo os preços mais altos do minério de ferro, o que gerou uma forte geração de caixa, com mais dividendos, e a fabricante de bebidas também apresentou um desempenho robusto, com forte aumento no volume de vendas.
Ainda em relação à temporada de balanços, Pão de Açúcar ON liderava o ranking negativo, com -5,16%, reagindo à queda de 99,4% no lucro atribuído a controladores, para R$ 2 milhões. O comportamento contamina o setor de supermercados: Carrefour Brasil ON tinha queda de 1,74% e Assaí ON perdia 2,99%.
Apesar do desempenho negativo de pesos-pesados no Ibovespa, com os estrangeiros vendendo ações em reflexo dos resultados trimestrais, o gestor da Taruá Investimentos, Renan Vieira, avalia que a temporada de balanços tende a ser positiva. “Quando o gringo perceber que a safra do terceiro trimestre vai ser positiva, isso vai atrair fluxo para a bolsa”, diz, lembrando que o período é marcado pelo avanço da vacinação contra a covid-19 e da reabertura econômica doméstica.
Tanto que o “call de reabertura” volta a ganhar força, com o setor de shopping center liderando as altas, reagindo à notícia de que o Estado de São Paulo deve acabar com todas as restrições de horário e público a partir do próximo dia 17. Multiplan ON figurava no ranking de maiores altas, com +5,23%, seguido por Iguatemi ON (+2,93%).
No topo da lista, estava CSN ON (+5,62%), aproveitando-se da queda da Vale e sendo opção ao investidor que quer seguir exposto a ações relacionadas ao minério de ferro. Mais atrás, vinham Usiminas PNA (+2,63%) e Gerdau PN (+1,24%).
Em Nova York, os índices Dow Jones e S&P 500 subiam 0,54%, cada, digerindo os dados econômicos do dia dos Estados Unidos e ecoando a mensagem suave (“dovish”) do Federal Reserve na véspera. “Os mercados estão assimilando os resultados corporativos, aqui e lá fora, e o discurso animador do Fed”, resume o sócio-gestor da Fatorial Investimentos, Jansen Costa.