28/07/2021 às 18h00min - Atualizada em 28/07/2021 às 18h00min

Juros futuros fecham em alta, desacelerando o movimento após decisão do Fed

Mantendo-se em alta durante a maior parte da sessão, pelas expectativas de que o Banco Central tenha de agir de forma mais agressiva na alta da taxa Selic, os juros futuros fecharam a quarta-feira (28) em leve alta.

No entanto, o movimento desacelerou após o anúncio da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, e o início da coletiva do presidente da autoridade, Jerome Powell.

Assim, finalizado o pregão regular, às 16h, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passou de 6,22% no ajuste anterior para 6,245%; a do DI para janeiro de 2023 avançou de 7,63% para 7,685%; a do contrato para janeiro de 2025 subiu de 8,42% para 8,44% e a do DI para janeiro de 2027 permaneceu estável a 8,76%.

Apesar de ter sinalizado, em comunicado, que está mais próximo de iniciar o processo de redução da compra de ativos, dado que a economia americana progrediu em direção às suas metas, Powell mostrou um viés “dovish” (inclinação à manutenção de estímulos monetários) em entrevista coletiva. O banqueiro central dos Estados Unidos ressaltou que a política do Fed seguirá acomodatícia até que a recuperação da economia americana esteja completa e também observou que há terreno a cobrir no mercado de trabalho, antes de dar início ao processo de redução dos estímulos.

Em decisão anunciada nesta tarde, a autoridade monetária americana indicou que a economia do país seguiu em direção às suas metas, sugerindo que o “tapering” (processo de redução dos estímulos monetários) possa estar próximo. A taxa de juros de referência dos Estados Unidos manteve-se estável entre 0% e 0,25% e a compra de ativos mensal permaneceu inalterada em US$ 120 bilhões.

Para o economista da Rio Bravo João Leal, o comunicado do Fed mostrou que a autoridade monetária segue avançando na discussão do “tapering”, mas, “na prática, não significa um viés ‘hawkish’ (favorável ao aperto monetário), pois não quer dizer que o ‘tapering’ será antecipado”. “É apenas o reconhecimento do progresso da economia”, diz Leal, citando ainda que, a princípio, o comunicado gerou estresse nos ativos globais.

Segundo ele, o que depois prevaleceu no comportamento dos ativos, contribuindo para desaceleração da alta das taxas futuras locais, foi a avaliação do Fed de que o salto no nível geral de preços é transitório e que ainda há espaço para ser preenchido na recuperação do mercado de trabalho, conforme dito por Powell em coletiva. “Powell bateu numa tecla muito dovish”, diz.

Leal observa que os juros futuros perderam um pouco de força após a decisão do Fed, mas sem grandes movimentos. “Isto porque a curva de juros americana não mudou muito. A nossa curva de juros ainda está respondendo muito mais a essa dinâmica inflacionária, a essa cautela com a questão climática e às expectativas para o Copom da semana que vem”, explica.

Participantes de mercado avaliam que, de forma geral, os DIs continuaram se comportando, na sessão de hoje, com os olhos voltados à próxima reunião do Copom. “A curva de juros segue se ajustando para o Copom. Agora, já implica duas altas de 1 ponto”, nota um gestor de um fundo.

Diante de uma dinâmica inflacionária mais negativa, com os preços de serviços pressionados, conforme apresentado pelo IPCA-15 de julho, e o risco de desancoragem das expectativas de inflação para o horizonte relevante, as opções digitais de Copom para agosto mostram possibilidade de 76% de um aperto de 1 ponto percentual na próxima reunião e chance de 12,5% para elevação de 0,75 ponto. Há, ainda, probabilidade de 8% de um ajuste maior do que os citados, de 1,25 ponto.

A curva do DI também dá como certa elevação de 1 ponto percentual da Selic na reunião do comitê de daqui a uma semana, atribuindo chance de 64% a uma alta de tal magnitude e de 36% a um ajuste ainda maior, de 1,25 ponto, caso apenas estas alternativas sejam consideradas.

Para a decisão de setembro, a precificação extraída da curva de juros indica possibilidade de 95% de uma alta de 1 ponto e de cerca de 5% de um aperto de 1,25 ponto, levando em conta apenas estas duas opções.

O Banco Fibra é um dos que projetam dois apertos seguidos de 1 ponto nas reuniões de agosto e setembro do Copom. Após as recentes coletas de inflação, que mostraram medidas de núcleos incompatíveis com o cumprimento da meta nos próximos dois anos, e com os riscos altistas para preços de combustíveis e energia, o Fibra aumentou a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021, de 6,9% para 7,2%, e, também, para IPCA de 2022 de 4,1% para 4,2%, com a revisão concentrada em serviços.

Com o avanço das expectativas para a inflação para 2022, tanto no Boletim Focus quanto nas taxas de inflação implícita de mercado, o banco avalia “que aumentou consideravelmente a probabilidade de o comitê optar por acelerar o ritmo de aperto monetário em suas duas próximas reuniões para 1 ponto”. A instituição, assim, elevou a projeção de Selic para o fim deste ano de 6,5% para 7,5% e também para o fim de 2022, de 6,5% para 8,5%.

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