Depois de oscilar perto da estabilidade durante a primeira etapa dos negócios desta quarta-feira, o dólar se ajustou em queda firme durante a tarde, em um movimento que se deu na esteira da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed). Declarações do presidente do banco central americano, Jerome Powell, contribuíram para levar o dólar às mínimas do dia contra o real e a fazer com que a moeda brasileira exibisse valorização mais expressiva que a dos pares, ao mesmo tempo em que participantes do mercado apontam a perspectiva de fluxo. Assim, o dólar encerrou o pregão negociado a R$ 5,1088 no mercado à vista, em queda de 1,29%.
Por volta de 17h, outras moedas emergentes também registraram apreciação, também na esteira do Fed. O dólar caía 0,35% contra o peso mexicano; recuava 0,29% na comparação com o rand sul-africano; cedia 1,42% em relação ao peso colombiano; e baixava 0,69% ante o peso chileno. Além disso, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra uma cesta de outras seis moedas principais, operava em queda de 0,19%, para 92,26 pontos.
Logo após o comunicado da decisão do Fed ser publicado, o dólar chegou a ganhar força ante o real, embora tenha perdido fôlego logo depois, mantendo-se perto da estabilidade. “O mercado inicialmente ficou meio de lado, mas, depois do Powell, vimos um rali das bolsas e queda forte do dólar”, diz Serrano. O apontamento de Powell de que ainda há metas a serem atingidas no mercado de trabalho e a continuidade da sinalização de que a maior parte da alta da inflação é temporária abrandaram o sentimento um pouco mais “hawk” do comunicado, diz o economista.
Serrano acredita que o Fed usará o simpósio de Jackson Hole, em agosto, para preparar o terreno para algum anúncio mais formal sobre quando se dará o início do “tapering” em setembro. De forma geral, o profissional avalia que a comunicação do banco central americano veio dentro do previsto, já que são necessárias mais informações sobre o mercado de trabalho.
Localmente, dois fatores ajudam na queda do dólar contra o real. Participantes do mercado citam a perspectiva de fluxo, com a indicação de alguns IPOs à frente. Hoje, a VIX Logística e a Leste US Properties protocolaram prospecto para uma oferta pública inicial de ações. Assim, a perspectiva de fluxo deu algum apoio a uma apreciação do real ante o dólar desde o início do pregão.
Cabe apontar, ainda, para os rumos da política monetária no Brasil, no momento em que os diretores do Banco Central estão em período de silêncio e o mercado já precifica chances majoritárias de uma elevação de 1 ponto percentual na Selic em agosto. No mercado de opções digitais, a possibilidade de um aumento de 1 ponto está em 76%, enquanto a chance de uma elevação de 1,25 ponto está em 8,6%. Já a probabilidade de manutenção do atual ritmo de alta da Selic de 0,75 ponto é de apenas 13%.