Empossado como presidente do Peru nesta quarta-feira, Pedro Castillo negou a intenção de estatizar setores da economia e pediu aos investidores privados um novo pacto para desenvolver o país. Ele se comprometeu a respeitar a propriedade privada e disse que promoverá a participação do Estado na economia da mesma forma que outros países da região.
Castillo sustentou, entretanto, a ideia de enviar ao Congresso o pedido para convocar uma Assembleia Constituinte e elaborar uma nova Carta Magna para o Peru. O objetivo é reformar o modelo econômico adotado nas últimas décadas, sem reverter as conquistas do período, para distribuir melhor as riquezas entre a população, afirmou.
“Não pretendemos estatizar a economia ou fazer política de controle de câmbio. Queremos apenas que a economia das famílias, principalmente as de menor renda, seja mais estável e próspera”, disse ele. “É possível realizar essas mudanças, respeitando a propriedade privada, mas priorizando os interesses da nação.”
Sem citar diretamente Keiko Fujimori, sua adversária no segundo turno, ele lamentou que a população tenha sido assustada com notícias falsas que diziam que seu partido, o Peru Livre, expropriaria casas e automóveis dos peruanos.
“Não vamos fazer nada disso porque queremos que a economia mantenha a ordem e a previsibilidade, que são a base das decisões de investimento”, disse Castillo.
No discurso de posse, o presidente adotou um tom mais moderado do que o do candidato nas declarações de campanha. Desde a vitória eleitoral, ele tem dado sinais de que fará um governo mais pragmático. Mas Castillo não deu detalhes sobre a composição do governo, mantendo o mistério sobre quem serão seus ministros, que só tomarão posse na sexta-feira.
Ainda assim, ele prometeu acabar com os “abusos dos monopólios” e defendeu que projetos de importantes setores da economia peruana, como a mineração, tenham “rentabilidade social”.
O professor e sindicalista citou especificamente o gás de cozinha e sugeriu que a estatal Petroperu pode atuar para regular o preço final de produtos derivados do petróleo. Ele também afirmou que o Banco de la Nación deverá oferecer todos os serviços básicos aos peruanos e competir com as instituições privadas do setor.
Segundo Castillo, a primeira missão do governo é combater a pandemia de covid-19. No discurso, o presidente peruano estabeleceu como meta ter 70% da população do país totalmente vacinada até o fim de ano.
O novo presidente também prometeu aumentar os investimentos públicos e realizar obras para estimular a recuperação econômica pós-pandemia. Segundo ele, com as medidas, será possível gerar um milhão de empregos por ano no país.
Castillo também afirmou que pretende aumentar os investimentos na educação e na saúde. Outra promessa aos peruanos foi transformar o acesso à internet em um direito para todos os cidadãos.