28/07/2021 às 15h00min - Atualizada em 28/07/2021 às 15h00min

Alta de commodities e desorganização da cadeia produtiva puxam resultado do IPP, diz IBGE

A alta dos preços de commodities no mercado internacional, que pressiona os preços da indústria extrativa, foi a principal responsável para a aceleração de 0,99% em maio para 1,31% em junho da chamada inflação de “porta de fábrica”, sem impostos e fretes, medida pelo Índice de Preços ao Produtor (IPP), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado, no entanto, também é influenciado pela desorganização da cadeia produtiva, que provoca falta de matéria-prima e dificuldades no fornecimento para a indústria. A avaliação é do gerente de análise e metodologia do IPP, Alexandre Brandão, que destaca a forte variação dos preços da indústria extrativa no mês (8,71%), apesar da alta do real.

“A variação de 1,31% se explica em grande parte pelo que ocorreu com os preços das indústrias extrativas. Vale observar que a influência principal é a variação do mercado internacional. Mesmo neste mês, em que houve apreciação do real em relação ao dólar em 4,9%, o aumento dos preços da indústria extrativa foi substancial”, diz ele.

Após meses de variação negativa (0,70% em abril e 0,43% em maio), a indústria extrativa voltou a pressionar o IPP, com elevação de 8,71% em junho, puxada pelos preços de petróleo e de minério de ferro. Sozinha, a indústria extrativa respondeu por quase metade (0,60 ponto percentual) da taxa de 1,31% do IPP em junho.

Com o dado de junho, o acumulado da indústria extrativa em 2021 avançou para 60,76%, ante 47,88% em maio. Já o resultado acumulado em 12 meses passou de 105,71% em maio para 115,55% em junho. O número, no entanto, ainda está abaixo dos resultados de março (136,25%) e abril (125,48%).

Para além da influência da indústria extrativa, Brandão destaca o impacto da desorganização da cadeia produtiva, que provoca falta de matéria-prima e dificuldades no fornecimento para a indústria, aumentando os custos de produção.

“Por um lado, o mercado internacional influencia a indústria extrativa. E, do outro, a dinâmica do mercado interno gera aumento em produtos químicos, produtos de metal e equipamentos elétricos. (...) Muito tem se falado dessa desorganização da cadeia produtiva e ela gera custo para as empresas”, afirma ele.

Entre os produtos afetados por esse movimento está o de outros produtos químicos, que teve alta de 2,16% dos preços em junho e foi a segunda maior influência para o IPP, com 0,19 ponto percentual de impacto. Nos resultados acumulados em 2021 e em 12 meses, até junho, as altas são de 33% e 53,89%, recordes para os períodos de toda a série histórica, iniciada em 2014. Também estão incluídos os produtos de metal – com alta de 2,80% em junho – e máquinas, aparelhos e materiais elétricos, com variação de 2,60%.

“Nesses três setores, temos observado que há problemas de abastecimento de matéria-prima. No caso de produtos de metal e de máquinas e equipamentos elétricas, também estão em linha com a metalurgia, que usa o minério de ferro. E essa é uma cadeia que tem aumentando bastante de preço”, diz.

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