No Dia Mundial do Frango, comemorado nesta quarta-feira (11), o setor vive, no Brasil, um imenso desafio para a capacidade competitiva, a sustentabilidade, o status sanitário e de seu papel como uma das principais fontes de proteína animal para a humanidade. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
O conflito entre Rússia e Ucrânia e a gripe aviária, aliados aos preços do milho, são fatores que desestabilizam a atividade. As duas nações em guerra são responsáveis por 17% do comércio mundial. Enquanto isso, a doença abate milhões de aves na França, EUA e outros países da União Europeia, América do Norte, Ásia e África.
“Somados, os dois fatores vêm sustentando os preços internacionais da carne de aves, com redução de oferta em alguns locais devido aos abates sanitários e com a diminuição das atividades de empresas avícolas ucranianas, que são exportadoras relevantes”, avalia Santin.
A ABPA diz que “no Brasil, com consumo e exportações em patamares elevados, a cadeia produtiva da avicultura experimenta enormes desafios para a manutenção da competitividade e da sustentabilidade do setor.”.
No mercado interno, a carne de frango é a mais consumida pelo brasileiro. O consumo per capita do produto alcançou 45,56 quilos em 2021. É o segundo maior índice já registrado pelo setor, que desde 2010 mantém níveis de consumo acima de 40 quilos per capita.
Até o primeiro trimestre, as vendas internacionais estavam 10,2% superiores aos registrados no mesmo período de 2021 (ano de recorde das exportações), com total de 1,142 milhão de toneladas exportadas. A expectativa é de novas elevações em abril, com vendas mensais acima de 410 mil toneladas.
“O quadro comercial e de consumo é favorável ao produto brasileiro. Entretanto, o setor vive a sua mais severa crise de custos de produção, com altas superiores a 100% no milho e no farelo de soja, acumuladas ao longo dos dois últimos anos e com especial impulso neste início de 2022. Adicione a isto às elevações dos custos de fretes marítimos, do diesel, das embalagens de plásticos e papelão e diversos”, analisa Santin.
Santin avalia que não há expectativa de arrefecimento dos custos no curto e médio prazo. Nas que os custos já são praticados, serão repassados aos consumidores internos e internacionais.
“A carne de frango é um alimento básico não apenas no Brasil. É um dos poucos produtos que não enfrenta restrições religiosas, por isso, figura entre as principais fontes de proteína de nações com os mais diversos hábitos culturais. Por este motivo, o Brasil, como maior exportador global e fornecedor para cerca de 150 nações pelo mundo, deverá manter seu protagonismo internacional, especialmente neste momento em que o mundo enfrenta redução da oferta do produto. Ao mesmo tempo, a oferta de produtos também será mantida para o consumidor brasileiro”, avalia.
O Brasil é hoje um dos maiores produtores mundiais de carne de frango, e o mercado interno é o principal destino dos produtos. Conforme dados da ABPA, 67,83% das 14,329 milhões de toneladas produzidas em 2021 foram destinadas às gôndolas dos supermercados brasileiros. Para o exterior, foram exportadas 4,61 milhões de toneladas, o equivalente a 32,17% do total.
Da Redação, com ABPA