03/05/2022 às 13h15min - Atualizada em 03/05/2022 às 13h11min

Taxas de juros subindo nos EUA e Brasil, dólar mais alto e China criando barreiras comerciais

É um momento de clara pressão sobre a cadeia produtiva da carne bovina. A consideração que faço abraça a produção e a indústria, principalmente. É relevante observar os bloqueios e barreiras comerciais criadas pelo principal parceiro comercial do Brasil, a China.

Quanto aos frigoríficos, na última sexta-feira, a Administração Geral de Alfândegas da China suspendeu, mais uma vez, por uma semana, a compra de carne bovina de duas plantas industriais brasileiras. Trata-se da unidade do JBS, em Barra do Garças, no Mato Grosso, e do Marfrig em Tangará da Serra, também no mesmo estado.

Eu já escrevi por aqui, em nossa coluna, que o cenário é de completa pressão comercial chinesa. A alegação mais uma vez está em torno do Covid-19, há mais um lockdown em Xangai, a região mais importante da China, a respeito do mercado financeiro. Há uma relação que os chineses têm buscado fazer, de associar a queda de ritmo econômico do País, com redução de consumo e industrialização de alimentos, inclusive carnes.

Xangai é onde se concentra, também, a maior parte das importações de carnes. De fato, a cidade tem uma relevância logística muito grande e, por isso mesmo, acaba por acarretar o maior impacto na distribuição interna. Enfim, dos mais de nove milhões de toneladas importadas pela China em 2021, quase metade aportou em Xangai.

As reduções em volumes de carne bovina importados pela China passam por diversas associações, ao depender do período de ocorrência. Houve redução por utilização de estoques do país e maior volume de carne suína produzida lá; também tentativa de pressão de mercado (redução de preços); eu mesmo cheguei a entrevistar o presidente da Câmara China-Brasil que falava em redução de consumo de carne bovina e chegou a alegar argumentos como questões ligadas ao meio ambiente (este fato para justificar a demora na retomada de aquisições após o esclarecimento daquele caso equivocado de “vaca louca”).

Todas as ações e informações caminham para serem usadas pelo principal parceiro comercial do Brasil, com a finalidade de pressionar negativamente as operações de mercado. Também preciso ressaltar que nos casos recentes ligados ao Covid-19, a China tem adotado políticas mais radicais no controle da pandemia, como as de “Covid Zero” em Pequim.

O reflexo direto aqui no Brasil é um mercado em recuo para os preços internos da arroba do gado pronto exportável para China (o que acaba por influenciar todos os outros); tonelada da carne bovina negociada para exportação com valor mais baixo; melhora na competitividade dos frigoríficos não exportadores, entre outros elementos.

Por outro lado, estamos em uma das semanas mais controversas do mercado financeiro internacional. Entre os dias 3 e 4 de maio o Federal Reserve, dos Estados Unidos, deve anunciar um aumento na taxa básica de juros daquele país. O fato já tem colocado o mercado econômico de “cabeça para baixo”. O dólar se valoriza no mundo todo, uma vez que o capital especulativo retira recursos de países emergentes como Brasil, Índia e África do Sul, em busca de investimentos nos Estados Unidos.

 

E o que isso impacta na pecuária?

O dólar na segunda-feira, dia 2 de maio de 2022, fechou acima de R$ 5,07, o que pode trazer algumas compensações ao momento citado, barreiras chineses, etc.

Para a semana creio em um mercado andando de lado, com poucos avanços ou queda no preço e também nas escalas. Um momento de estar mais atento aos fundamentos econômicos, dependendo da reação do Comitê de Política Monetário Nacional (Brasil), que deve elevar a taxa Selic para 12,7%. Também há uma greve de funcionários do Banco Central com previsão de começar nesta terça-feira, dia 3 de maio.

Enfim, há muitos outros elementos capazes neste momento de influenciar no negócio boi gordo. Fique atento.

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