28/07/2021 às 10h26min - Atualizada em 28/07/2021 às 10h26min

Ibovespa cede à cautela global e perde os 125 mil pontos

O movimento de maior cautela nas bolsas globais se refletiu no principal índice do mercado acionário brasileiro nesta terça-feira, derrubando papéis de quase todos os setores e levando o Ibovespa novamente para baixo dos 125 mil pontos. Analistas apontam que a dinâmica do mercado externo se aliou às perspectivas de maiores taxas de juros no país pelo Banco Central e com alguma apreensão com o início da temporada de balanços no país, desencadeando um movimento de realização.

O Ibovespa encerrou o pregão em queda de 1,10%, aos 124.612,03 pontos, após ter registrado mínima de 123.670 pontos ao longo do dia. O volume financeiro foi de R$ 18,295 bi, abaixo da média anual de R$ 23,744 bi. Entre as ações de maior peso no Ibovespa (blue chips), a Vale ON caiu 2,08%, enquanto Petrobras recuou 0,43% e 1,16% nas ações ON e PN, nesta ordem.

A pressão externa foi notada desde o início do dia nos negócios locais, após mais uma forte queda, de 4,22%, no principal índice da bolsa de Hong Kong, que já acumula queda de quase 10% nos últimos três pregões. O tombo das ações asiáticas veio na esteira de temores crescentes dos agentes financeiros de uma postura cada vez mais intervencionista do governo chinês no setor privado.

Ontem, a dinâmica até havia motivado uma busca por outros mercados emergentes, beneficiando, por exemplo, o Brasil e o México. O cenário, no entanto, não se repetiu hoje, levando a uma queda ampla nos principais índices globais de ações. Em Nova York, o S&P 500 encerrou o dia em baixa de 0,47%, aos 4.401,52 pontos e, na Europa, o Stoxx 600 recuou 0,54% aos 458,65 pontos.

Segundo o vice-diretor de pesquisa na Ashmore, Gustavo Medeiros, o movimento positivo para outros mercados emergentes "não fez muito sentido". Dada a relevância da China na economia global, notícias ruins daquele mercado devem impactar negativamente todos os países. "Se a China tiver problema, todo mundo vai ter problema", afirmou.

No entanto, do ponto de vista dos fundamentos, as ações em Hong Kong já possuem preços atrativos, de acordo com o profissional. Para que as métricas deprimidas se justifiquem, ou os investidores estão precificando uma mudança radical de postura do governo chinês em suas relações com o setor privado, ou há algum risco sistêmico sendo embutido nos preços. "Não vejo nenhuma das duas hipóteses como prováveis", aponta.

O dia mais negativo no exterior encontrou fragilidades locais, na visão do responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital, Jerson Zanlorenzi, o que favoreceu um ajuste nas ações brasileiras. "Temos acompanhado há algum tempo o mercado um pouco mais frágil por aqui. Existe uma dinâmica positiva do lado da vacinação, mas incertezas relacionadas à reforma tributária e à reforma ministerial têm atrapalhado. Hoje demos de cara com um mercado global negativo, o que ajudou a realização", afirmou o profissional.

"Acho que o mercado está muito consolidado entre os 120 e 125 mil pontos. Enquanto não avançarmos bem em relação à pandemia e às reformas, devemos ter dificuldades", prevê. Do lado positivo, de acordo com Zanlorenzi, os bancos demonstram resiliência, impulsionados pelas expectativas de uma alta mais forte nas taxas de juros no país pelo Banco Central e por bons resultados corporativos no setor. "Bancos são destaques hoje e mostram bastante resiliência. A percepção é que o impacto da pandemia nas carteiras de crédito não foi tão relevante quanto o mercado previa", afirmou.

Conforme publicado pelo Valor, o lucro dos grandes bancos de capital aberto deve mostrar salto de 60% no segundo trimestre. Amanhã, o Santander divulga seus resultados.

As ações do Itaú PN encerraram o pregão em alta de 0,98%, a pontos, recebendo impulso após o Banco Central homologar a cisão da XPart. Os papéis do Bradesco PN subiram 0,79%. Banco do Brasil ON e as Units do Santander terminaram o dia com ganhos de 0,46% e 0,61%, respectivamente.

"O remédio da inflação vai ser via política monetária, e alta dos juros normalmente é positiva para os bancos, já que aumenta os spreads", afirmou o economista-chefe da Guedes Capital, Elcio Guedes.

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