Ribeirão Preto, 26 - Os detalhes do Plano Safra 2022/23 podem ser conhecidos apenas no fim de junho, afirma o diretor de Agronegócios do Santander, Carlos Aguiar. "Se não fosse pela greve dos entes públicos, achamos que deveria ser no fim de maio. Mas como não sabemos no que vai dar essa greve, pode ser mais para o fim de junho, o que é ruim, porque fica muito em cima do anúncio", disse ele nesta segunda-feira, 25, em entrevista no estande do banco na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP). Ele ressaltou, porém, que isso não teria efeito tão grande no planejamento do banco porque hoje os recursos subsidiados direcionados representam uma parcela pequena da carteira do Santander - R$ 6 bilhões de um total de R$ 30 bilhões. "Nosso diferencial é atendimento, e não atender um monte de gente com dinheiro público. Isso é uma menor parte. Diferencial é atendimento e entendimento do produtor." O executivo afirmou ainda acreditar que o porcentual de depósitos à vista que obrigatoriamente vai para a agropecuária com taxas controladas (com e sem equalização), a chamada exigibilidade, deve subir dos atuais 25% para no mínimo 27,5%. "Acho positivo, porque o custo de produção subiu muito mais do que esses porcentuais." O Santander pretende captar R$ 1 bilhão em negócios durante a Agrishow deste ano, ante aproximadamente R$ 600 milhões na edição de 2019, a mais recente realizada de forma presencial. Além deste montante, o banco busca arrecadar R$ 300 milhões no consórcio agro, em que o Santander oferece 15% de desconto na taxa de administração para todo o período. Quanto ao momento do setor, Aguiar afirma que nas últimas safras a seca foi compensada por alta expressiva nos preços, mas que este ano as margens devem voltar ao normal - o que representa entre 20% e 30% de margem bruta, enquanto em anos anteriores o indicador chegou a 50%. "Com a escassez e os preços atuais, a necessidade do produtor é de capital de giro. Temos necessidade de capital maior do que há dois anos." Ele afirma, ainda. que a guerra entre Ucrânia e Rússia e a continuidade da pandemia de covid-19 na China prejudicam a obtenção de insumos. "A inflação não parece ser transitória, e parece que vai manter tecnologia, produção de aço, entre outras coisas, escassos por algum tempo."