O impacto da escalada de repressão regulatória na China, que derrubou hoje as bolsas de Hong Kong e Xangai, se reflete também nos mercados ocidentais. As bolsas europeias encerraram o pregão em queda nesta terça-feira (27), enquanto nos Estados Unidos os índices de Nova York recuam enquanto os investidores aguardam os balanços dos maiores gigantes da tecnologia.
O governo chinês baixou novas regulamentações a empresas de tecnologia durante o fim de semana e ontem anunciou restrições a investimentos estrangeiros em empresas de ensino privado. A situação nos mercados orientais ainda foi agravada por rumores no mercado de que fundos americanos estariam abandonando ativos da China e de Hong Kong.
A bolsa de Hong Kong caiu mais 4% hoje e contaminou o pregão em Xangai, que recuou 2,5%, em meio às preocupações em relação à “mão pesada” de Pequim sobre o mercado financeiro. O receio dos investidores é de que a regulação seja espalhada para outros setores, além de tecnologia e educação.
Na Europa, o índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em queda de 0,54%, a 458,65 pontos. Os índices de referência em Londres, Frankfurt e Paris encerraram a sessão desta terça com desvalorização de 0,42%, 0,64% e 0,71%, respectivamente.
Em Nova York, o Dow Jones operava em queda de 0,42%, a 34.998,39 pontos, enquanto o S&P 500 recua 0,37%, a 4.405,81 pontos, e o Nasdaq caía 0,72%, a 14.735,86 pontos.
Analistas ponderaram que as turbulências nas bolsas da China afetam os demais mercados, mas são uma influência de segunda grandeza e de impacto limitado. Uma amostra dessa leitura foram as altas dos índices Nikkei em Tóquio e Kospi em Seul hoje (de 0,49% e 0,24%, respectivamente).
A maior fonte de cautela para os mercados europeus e americanos é a reunião de dois dias do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA). O encontro que define a política monetária da maior economia do planeta é o evento de maior peso para os mercados globais na semana.
É grande a expectativa pela atualização do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) sobre a condução da política monetária, em meio ao crescente debate sobre inflação acelerando e economia em moderação. Ainda que não se espere novidades da reunião nem da entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, o evento ganha importância por se tratar do encontro que antecede o famoso simpósio em Jackson Hole.
Os investidores aguardam também os balanços dos maiores gigantes da tecnologia. As ações dos EUA têm subido para novos recordes com os fortes resultados corporativos e a orientação otimista de algumas das maiores empresas americanas.
Hoje saem os balanços de gigantes como Microsoft, Apple e Alphabet, controladora do Google, após o fechamento dos mercados, que podem oferecer insights sobre como essas empresas estão se saindo à medida que os bloqueios terminam e as restrições de oferta de produtos essenciais persistem. Visa e Starbucks também estão entre as empresas que publicarão os resultados, tornando este um dia de grande peso na temporada de ganhos.