27/01/2022 às 10h22min - Atualizada em 27/01/2022 às 10h22min

Agronegócio brasileiro pode atender à metade da população da Terra até 2050, com a tecnologia 5G

O Brasil está destinado a ser a maior potência mundial do agronegócio até 2050. Num Planeta ocupado por 8 bilhões de pessoas, nossa produção agropecuária, hoje, alimenta 800 milhões de seres humanos. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO) prevê que até 2050 a Terra vai abrigar 10 bilhões de seres humanos. A FAO deseja e projeta que o Brasil, dadas as suas características geográficas e domínio das tecnologias agropecuárias, será responsável por alimentar 50% da população mundial até a metade do século. Num cenário deste, o país pode vir a ter um poder bem maior do que países que detém exércitos e capacidade armamentista ilimitados. Mas tal pretensão passa pelo Brasil agregar as novas tecnologias que o sistema 5G vai permitir.

Ao longo da pandemia de Covid 19 na qual estamos metidos, o mundo descobriu que apenas dois países retêm 90% da produção de equipamentos e insumos farmacêuticos. No auge dos problemas, China e Índia e seus poderios na área, não conseguiram atender a toda a demanda mundial por respiradores, remédios e vacinas. Por isso, ter a tecnologia de um setor estratégico da qual depende toda a população mundial, é agregar à sua soberania um poder geopolítico, e ser um dos protagonistas dos rumos da civilização. Além dos frutos econômicos e sociais que são agregados. O agronegócio brasileiro é a nossa chave da porta para um assento privilegiado num clube bastante fechado.

É nesse contexto, que a chegada da tecnologia 5G se transforma na ferramenta que vai permitir alcançar a projeção feita por analistas e técnicos da própria Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto, essa transição não será um passeio. Embora tenha realmente esse potencial, o Brasil carece de infraestrutura para fazer chegar a tecnologia a todos os produtores, propriedades rurais e recantos do Oiapoque ao Chuí. A tecnologia que está sendo superada hoje, a 4G, ainda não cobre todo o território nacional. Exatos 89,2%, enquanto quase 9% ainda não podem se valer desse instrumento.

Isso não significa que não vamos chegar lá, ou que o pais está de braços cruzados.

O caminho pede investimentos massivos e uma legislação que permita a segurança jurídica para todos os envolvidos. O Congresso corre para definir as regras, enquanto outras entidades buscam construir as fontes dos investimentos que a empreitada requer. Os investimentos devem sair do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). Com o 5G no agronegócio, a Consultoria Omdia projeta o crescimento do Produto Interno Brasileiro (PIB) até 2035 em mais R$ 6,5 trilhões.

Temos 23% das propriedades rurais conectadas e 77% trabalhando em off-line (das 5,07 milhões de propriedades rurais, são 3,8 milhões off-line), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nossas desigualdades nos prejudicam. Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal dispõem da maior fatia das redes. Maranhão e Piauí têm a menor cobertura. Sem conexão, não vamos chegar lá, e muito menos permitir que nossos produtores usufruam do direito de todos ao acesso à tecnologia.

As atuais redes de 4G estão localizadas em 21 mil pontos, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações. Municípios, distritos, vilas e até aglomerados. Embora sejam 21 mil pontos, o déficit está entre 12 e 14 mil localidades sem qualquer conexão. A rede 5G vai estender a cobertura para mais 8 mil localidades e permitir acesso às regiões produtoras do agronegócio, hoje off-line.

No caso das atividades econômicas, incluindo o mais desprovido de acesso à rede, que é o agronegócio espalhado em todo o território, temos as rodovias, os eixos fundamentais para conectar toda a cadeia produtiva do setor. A rede 4G cobre somente 41% delas. No Norte, são apenas 23% de rodovias com conexão. O retrato do que a tecnologia 5G vai propiciar é imensurável: a rede 4G permite 10 mil dispositivos conectados ao mesmo temo por quilômetro quadrado. A 5G, 1 milhão de dispositivos conectados na mesma área ao mesmo tempo, com uma rapidez para a transferência de dados de 100 vezes à do 4G (um milissegundo de segundo). Um único dispositivo (1 celular) poderá se conectar ao mesmo tempo a 100 outros 100 equipamentos na propriedade. Esse dado nos dá a dimensão da revolução que ela vai provocar.

Afinal, do ponto de vista prático, o que deve acontecer?

Órgãos governamentais e empresas que atuam no setor, falam em uma mudança de paradigma. Uma revolução no campo. Saltar do atual modelo de produção para um novo, sofisticado e transformador, com mais eficiência, aumentando a produtividade numa mesma área e, principalmente, reduzindo os custos para todas as cadeias produtivas envolvidas nas culturas agrícola e pecuária de corte e de leite. O Brasil autorizou a utilização das faixas de 700 MHz, 2GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. Para a agronegócio, os técnicos afirmam que a radiofrequência mais indicada é a baixa, de 700 MHz.

Segundo a Embrapa Informática Agropecuária, a digitalização vai aumentar a produtividade e a sustentabilidade das cadeias produtivas. Para a Empresa, o foco é na melhoria da qualidade de vida, inclusão e sustentabilidade econômica, social e ambiental. O emprego no campo vai crescer e provocar a reação da cadeia, impulsionando a indústria voltada para o agronegócio nas cidades, com mais venda de equipamento, máquinas e insumos. Vai permitir uma maior interação da Internet das Coisas (IoT), uso de censores, automação de equipamentos agrícolas, com coleta confiável de dados. Vai provocar também intensas pesquisas e produtos e serviços como ferramentas digitais, sistemas e softwares.

A contradição está nesse dado: segundo um estudo da Associação Brasileira de Marketing Rural (ABMR) 94% dos nossos produtores rurais têm telefone celular e 68% são smartphones. Portanto, preparados para a conectividade e obtenção dos frutos. Diante de tantas diferenças entre os iguais, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) não vai abrir mão das conectividades por fibra óptica, satélite e até analógicas de baixa frequência que permitam os avanços que temos que alcançar. Pesquisa da Embrapa, Sebrae e Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) indica que 85% dos pequenos e médios produtores usam algum tipo de tecnologia para gerenciar suas atividades.

Porque a tecnologia 5G vai mudar o paradigma do agronegócio brasileiro?

Num primeiro momento, o Mapa acredita que a ampliação de apenas 25% de conectividade no campo vai aumentar o valor bruto da nossa produção em 6,3%. O impacto no PIB total do pais será de R$ 6,5 trilhões. Em 2021 o valor bruto da produção agropecuária foi de pouco mais de R$ 1,100 trilhão. Ela deve perpassar toda a cadeia produtiva, do planejamento à saída da produção, porteira afora.

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) revela os dados que deverão ser potencializados: o agronegócio responde por 21,4% PIB, 32,3% da mão de obra e 48% das exportações brasileiras (dados de 2019). Um censo do IBGE, realizado em 2017, tem números contraditórios. Aponta que 72% das propriedades rurais têm internet. No Nordeste, 50%. Os dados desse censo são animadores. Permitem o avanço da nova tecnologia bem mais rápido do que se prevê, portanto. No entanto, a dificuldade fica explícita até nos dez maiores produtores do agro brasileiro: em Sorriso, MT, maior produtor, a rede cobre 54% da área.

A 5G vai permitir o uso de drones e com eles o controle e prevenção de pragas, a interconexão entre os equipamentos da propriedade com a internet das coisas, a coleta e transmissão dos dados da lavoura ou pecuária, estimativa de afras e produção animal, coleta e transmissão de dados e estimativa de safra, quando colher e pulverizar e a resolução de outros problemas do dia-a-dia da atividade.

Se todas as projeções no Brasil e fora dele estiverem corretas, até 2050 seremos o sexto PIB do Planeta e, no período daqui até lá, cresceremos apenas abaixo do PIB Chinês. Essa é a mudança de paradigma que o agronegócio espera e pode alcançar. E que todos os brasileiros sejam beneficiados com essa riqueza.


Referências
Sensix.ag, Globo Rural, Agência Brasil, Embrapa, Folha Uol e AgRevolution


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