A bolsa brasileira é negociada em alta praticamente desde a abertura da sessão, defendendo a marca dos 125 mil pontos e buscando reaproximar-se da faixa dos 130 mil pontos. O movimento é puxado pelas ações de maior peso no Ibovespa (blue chips), o que dá ritmo aos negócios locais, apesar da oscilação estreita em Nova York.
Às 12h40, o Ibovespa subia 0,90%, aos 126.173 pontos, não muito distante da pontuação máxima do dia, aos 126.200 pontos. Na mínima, o índice à vista defendeu os 125 mil pontos, aos 125.006 pontos. No mesmo horário, em Nova York, os índices Dow Jones e S&P 500 tinham ligeiras oscilações de +0,11% e +0,17%.
O volume financeiro somava na bolsa brasileira somava R$ 8,7 bilhões, projetando giro ao redor de R$ 25 bilhões até o fim do dia. Entre as ações brasileiras, Vale ON subia 1,59%, beneficiada pelo avanço do minério de ferro cotado na China (Qingdao e Dalian), o que também impulsiona as siderúrgicas, que figuravam entre os destaques de maiores altas.
No topo do ranking, estava CSN ON (+4,04%), com Usiminas PNA (+3,76%) vindo um pouco mais atrás. Ainda entre as blue chips, Petrobras crescia 1,57% e 1,61% nas ações ON e PN, enquanto nos bancos, Bradesco PN e Itaú Unibanco PN ganhavam 0,96% e 2,24%. Santander Units avançava 2,87%.
Apesar da alta do setor financeiro, os analistas da XP Investimentos mudaram a visão positiva para os bancos, adotando uma postura mais cautelosa. Em relatório, a equipe afirma que tal mudança reflete os preços mais elevados das ações das instituições, em um cenário de disrupção causado tanto por intervenções regulatórias quanto por concorrência.
Com isso, a XP rebaixou a recomendação dos bancos Bradesco, para neutro; e Santander, para venda, mantendo as recomendações para Banco do Brasil e Itaú inalteradas em compra e neutra, respectivamente. “O preço é importante, por isso estamos rebaixando os incumbentes cobertos”, afirma a equipe de analista do setor.
Segundo operadores, as instituições financeiras cujo perfil de clientes é majoritariamente estrangeiro atuam fortemente na ponta compradora das ações de bancos e também no mercado acionário doméstico em geral. Eles observam que a bolsa tem se mostrado carente do apetite por risco do investidor não residente para manter a tendência de alta.
Dados da B3 mostram que os investidores estrangeiros já retiraram recursos em dez sessões ao longo deste mês, o que deixa o saldo parcial de julho negativo em R$ 5 bilhões. Se confirmada essa tendência até a semana que vem, será a primeira vez que o saldo mensal dessa conta fica no vermelho desde março deste ano.
Graficamente, o time de análise técnica do Itaú BBA observa que após perder o suporte inicial em 125,2 mil pontos, o Ibovespa tem caminho livre em direção aos 124,3 mil pontos. “Se fechar abaixo dessa região, será a confirmação do movimento de queda em direção à média móvel de 200 dias (MM200), aproximadamente em 115 mil pontos”, afirma.
Do lado da alta, o Ibovespa tem resistências mais fortes nos 125,9 mil e nos 126,5 mil pontos. “Acima desta, a próxima resistência está nos 128,1 mil pontos”, completa o time do Itaú BBA. A analista de ações da Clear Corretora, Pietra Guerra, observa que a temporada de balanços nesta semana pode ajudar a bolsa a ganhar tração.
Porém, ela ressalta que o contraponto vem do acúmulo de riscos inflacionários. “O IPCA-15 acima das expectativas trouxe preocupação com relação à aceleração dos preços na economia”, comenta. Pietra se refere ao indicador divulgado na última sexta-feira, que esquentou o debate sobre inflação acelerando e atividade desacelerando.
Nesse ambiente, o setor de construção civil é penalizado pela perspectiva de juro básico mais elevado. No ranking de maiores quedas estavam Ezetec ON (-2,41%), MRV (-1,43%) e Cyrela ON (-1,28%). O relatório Focus de mercado do Banco Central trouxe um aumento da estimativa para a taxa Selic ao final deste ano, para 7%, dos atuais 4,25%.