29/12/2021 às 15h16min - Atualizada em 29/12/2021 às 15h27min

Mais arrobas menos metano

A pecuária tem sido acusada de ser uma vilã do aquecimento global devido emissão de gases de efeito estufa, como o metano, porém não é o que a ciência tem mostrado nos últimos anos, pois além de dar uma contribuição pequena ao aquecimento global, a atividade pode ser um aliado na mitigação desses gases.

É verdade que os ruminantes emitem metano, após a digestão das plantas, e que este gás é um dos gases de efeito estufa (GEE). Estudos conduzidos de forma incompleta não consideram, porém que a maioria dos sistemas de produção de bovinos ocorrem em pastagens e as forrageiras utilizam CO2 para acumular massa retirando CO2 do ar através da fotossíntese. A depender do tipo de sistema utilizado, a pecuária pode ser carbono neutro ou até gerar excedentes (créditos de carbono). Tanto que Embrapa desenvolveu uma certificação denominada Carne Carbono Neutro para caracterizar propriedades que obtém sucesso neste tipo de produção (Governo Federal, 2020).

Os maiores contribuidores para os GEE são os combustíveis fósseis usados como fonte de energia, sendo a contribuição da agropecuária importante, porém pequena (Figura 1). Toda agropecuária brasileira emite 0,81% de emissões mundiais de GEE para alimentar um 10% da população do planeta.

É importante salientar, que a maior parte do que a pecuária emite, em equivalente CO2, é oriundo de carbono que já existia na atmosfera, que após o sequestro pelas plantas (fotossíntese) voltou ao meio ambiente a partir da digestão dos ruminantes. Já os automóveis e outras atividades industriais emitem em sua maioria o carbono oriundo dos combustíveis fósseis que estavam guardados há milhões de anos no subsolo, colocando essencialmente GEE novo na atmosfera.

Outro erro é achar que a Pecuária produz somente carne. Os subprodutos gerados por toda a cadeia são reutilizados como insumos por 49 segmentos industriais diferentes, tais como cosméticos, farmacêutico, químico, sanitário, têxtil e construção, entre outros (Embrapa, 2021). Portanto, o ditado popular de que “do boi se aproveita até o berro” é verdadeiro.

Na verdade, à luz da ciência atual, a relação entre pecuária e meio ambiente está focada no fato de que a pecuária pode ser parte da solução para às mudanças climáticas e não o problema (Nason, J., 2020), devido a sua capacidade de regenerar solos em pastagens naturais e do potencial de sequestro de carbono através das pastagens cultivadas para a sua alimentação.

Muitas tecnologias implementadas, entre elas a iLPF, melhoramento genético e cruzamentos, adubação de pastagens, uso de suplementação e aditivos não só melhoram a produtividade da Pecuária como também diminuem a emissão de GEE ou aumentam sua mitigação. A eficiência de produção é uma aliada do meio ambiente.

A pecuária é um emissor de gases de efeito estufa principalmente o metano, mas não é uma inimiga do meio ambiente e sim uma poderosa aliada para sequestrar CO2 através da fotossíntese das plantas, em pastagens bem manejadas.

PS: Agradeço ao amigo Rodrigo Paniago (Boviplan) pela pesquisa e disponibilização dos dados.


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