16/11/2021 às 09h30min - Atualizada em 16/11/2021 às 09h37min

Mercado do boi gordo e em crescimento

Cenários que se misturam aos fundamentos da pecuária bovina de corte e que têm trazido uma série de desafios ao setor. A China ainda não voltou, é fato. Os preços não são aqueles esperados pelos pecuaristas pela arroba do boi gordo. O faturamento da indústria exportadora em dólares também não. Pode-se afirmar haver algumas expectativas de rentabilidade mais elevadas em todos os elos da cadeia produtiva. Por outro lado, seguramente, o mercado é sólido e voltado neste momento para o momento doméstico brasileiro.

Ao trazer para o artigo elementos da composição nacional da pecuária, lembro a produção com alto investimento em matéria prima (bezerro e boi magro), genética, desafios para alimentação dos animais em um momento de profunda seca. Aliado aos fatores citados, uma China com muita fome de carnes, cada vez mais ávida pela bovina, mais cara e também saborosa para um público gigantesco, em elevação. Não eram raras apostas de uma arroba média em R$ 350 ou R$ 360 no país, o que compensaria todos os investimentos e traria ótimas margens.

Quando cito a indústria falo de um setor, total (exportadores e não-exportadores) tão heterogêneo quanto a produção pecuária do Brasil. Se por um lado os exportadores ampliaram negócios, suportaram pagar preços mais elevados pela arroba do boi gordo, expandiram suas posições e estratégias (inclusive deslocando demanda para plantas de abate em outros países, depois da suspensão brasileira), como também têm apresentado balanços financeiros extremamente positivos a cada trimestre. Historicamente, ao ver os números de receita exportadora em moeda brasileira, o faturamento é excelente. Contudo, seria muito maior com os embarques.

Para os não-exportadores a realidade foi bem diferente. Forte dificuldade de acompanhar e pagar o preço do chamado “Boi China”, escalas de abates extremamente furadas, redução da capacidade fabril, operações em negativo, por aí vai.

Ressalto que dificuldades para ter animais prontos para abate existiu e existe para todo setor. É baixa a oferta de animais no país e, depois do efeito China, acredito em entrada de um novo ciclo pecuário com mais uma elevação na matança de fêmeas, o que vai reduzir o número de bezerros nascidos e, posteriormente, em todo ciclo.

Amigos, o que quero esclarecer é que a China não voltou (ainda), que há poucos animais no mercado e a pecuária brasileira não vai parar.

Outro elemento é da sazonalidade. É inegável haver elevação para os preços da arroba do boi ao final de cada ano, com o pagamento das parcelas do 13º salário e festas. Neste ano, aposto ser ainda maior.

Acompanhe comigo. Brasil e o resto do mundo saindo de um ambiente de pandemia, na qual as pessoas pouco se viram ou festejaram. Houve muita contenção de encontros, festividades, etc. Também é inegável muitos terem perdido familiares, amigos para a pandemia. Enfim, podemos dizer que sobrevivemos a uma guerra.

Aposto em um consumo de carnes muito maior neste final de ano.

Por fim, os preços sobem. Em São Paulo, médias de R$ 287 por arroba, negócios em até R$ 307. As demais praças também. Frigoríficos com escalas reduzidas, média de cinco dias agora e pecuaristas negociando a “conta gotas”.

Não poderia deixar de citar a (i)responsabilidade de alguns colegas jornalistas ao afirmarem no último dia 11 de novembro haver pessoas com mal da vaca louca no Brasil. Bobagem sem fim. Identificada como forma esporádica da Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), que não é a doença que causa o mal da vaca louca.

A notícia até causou alguma volatilidade na B3, mas não no mercado físico. O mercado é firme e não haveria como ter maiores impactos.

Foco e De Olho no Mercado.

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