07/10/2021 às 18h40min - Atualizada em 09/11/2021 às 18h47min

Mercado da carne bovina e ausência da China em outubro

Seguramente, nada é mais importante para quem investe, trabalha e produz, do que estar, de fato, De Olho no Mercado. Na pecuária não é diferente. São muitas variáveis, parâmetros, negociações e margens mudando o tempo todo. O mercado da cadeia produtiva da carne bovina é o assunto por aqui, uma prosa voltada para o pecuarista.

Por falar em pecuarista, evidente os impactos que estão sendo sentidos neste momento pós-vaca louca atípica, elementos que seguramente têm incomodado os criadores que agora vêm uma forte pressão sobre os preços da arroba do boi gordo, com uma desaceleração forte de preços desde suspensão dos embarques para China. O cenário, complicado, ocorre justamente quando a China entra em um feriado de uma semana (nesta segunda semana de outubro), também, trata-se do mês onde há o maior volume de animais de confinamento rumando para o abate e, o pior de tudo, a situação pode não se resolver ainda neste mês.

Seguem minhas ponderações sobre o tema:

- Setembro de 2021 contou com um forte volume de embarques de carne bovina brasileira para China. Entretanto, observem: o volume de carne bovina que deixou o Brasil, tendo a China como destino estava certificada até o dia 4 do mês passado, e os exportadores trataram de fazer isso ocorrer da maneira mais rápida possível;

- As indústrias frigoríficas exportadoras, considerando uma média mensal, embarcam de 70 mil a 100 mil toneladas para China. Por outro lado, o país asiático perdeu o principal fornecedor, cerca de 40% são originadas no Brasil;

- É fato: a China pode passar todo o mês de outubro sem resolver a questão, tornando a situação do pecuarista muito complicada no curto prazo. Tanto pela oferta normal, quanto também de animais de confinamento, planejados para terminarem em outubro. Todos têm sua própria conta a fazer, mas parece que o prejuízo pode ser pior ao segurar;

- Sem perspectiva da volta da China, há um movimento forte de pressão nos preços. Os frigoríficos começam a pular datas de abates, reduzir a capacidade diária e oferece menos pelo animal pronto. Hoje as indústrias não têm necessidade de alongar escala;

- O cenário não poderia ser imaginado por ninguém. De qualquer maneira, informações internas de frigoríficos dão conta de câmaras frias ficando abarrotadas;

- No cenário atual, o varejo pressiona preços da carcaça casada e, por sua vez, o boi gordo;

Pecuarista, no curto prazo, parece muito difícil, do ponto de vista econômico, o produtor rural não “sofrer” com as pressões citadas. Todavia, no médio prazo o cenário é animador.

Seguem as ponderações para médio prazo:

- China volta e retomamos a normalidade no médio prazo;

 - A produção de suínos está em clara recuperação e a carne suína ficou mais barata na China. Mas acreditem: o chinês gosto de comer carne bovina, isso não vai parar;

- A China pode, realmente, passar outubro sem comprar carne bovina do Brasil e consumir seus estoques (não é cultural da China deixar os estoques baixarem). Por outro lado, em cerca de quatro meses ocorre o ano novo chinês e eles vão entrar comprando forte antes disso;

Acredito que os negociadores do país asiático vão buscar repactuar contratos, reduzir preços da carne bovina adquirida. Vai haver tentativa de reposicionamento.

Por fim, levantamentos mostram uma queda média de R$ 15 na arroba do boi gordo desde o caso atípico de vaca louca. Amigos, se a China não voltar em outubro, deve cair mais, mas os pecuaristas precisam mostram resistência neste momento.

Também, o head ou um pequeno processo de head no mercado futuro possa garantir a cobertura dos custos de produção do pecuarista e isso trazer bons resultados em cenários de imprevisibilidade, como o apresentado em setembro.

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