O mercado de câmbio voltou a se mostrar bastante alinhado ao cenário externo nesta quinta-feira, o que levou o dólar a fechar em alta ante o real. A moeda americana encerrou o pregão negociada a R$ 5,2123, alta de 0,43%, em um dia sem grandes movimentações na taxa de câmbio. Embora o cenário político permaneça no radar dos agentes, a melhora na perspectiva para as contas públicas também é monitorada e ajudou a manter o dólar afastado das máximas do dia no período vespertino.
Da mínima à máxima do dia, o dólar caminhou aproximadamente R$ 0,06. A quinta-feira, porém, não mostrou um comportamento tão volátil do câmbio quanto em dias anteriores. Apesar da indefinição observada no início do pregão, o dólar se firmou em alta e se manteve assim até o fim da sessão, com apoio do cenário externo, onde a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) foi o principal evento do dia e empurrou o euro para baixo.
“O câmbio ficou praticamente no zero a zero, seguindo grande parte das moedas no exterior, que sustentaram pequenas variações, de no máximo 0,40%. O mercado esteve bem misto hoje e relativamente estável se comparado com os últimos dias”, afirma um gestor que prefere não se identificar. Para ele, esse também foi o sentimento observado tanto na bolsa quanto no mercado de juros futuros, em um dia de liquidez abaixo da média e com o mercado “tomando um ar depois de um início de semana bastante volátil”.
Por volta de 17h, o dólar também exibia alta de 0,66% contra o rand sul-africano; subia 0,16% em relação ao peso chileno; e avançava 0,39% contra o peso colombiano. Já o índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de outras seis moedas fortes, subia 0,06%, para 92,81 pontos, após ter alcançado 92,92 pontos na máxima do dia, se aproximando novamente, portanto, da marca simbólica de 93 pontos.
Em relatório enviado a clientes, o diretor de estratégia para mercados emergentes da Oxford Economics, Regis Chattelier, diz acreditar que o momento atual é semelhante a 2004, quando o ciclo maduro indicava que elevações nos juros já haviam sido precificadas. “Portanto, o dólar provavelmente se desvalorizará, enquanto os preços das commodities permanecerão elevados, o que é favorável às moedas emergentes”, avalia.
Nos modelos da consultoria, real, peso colombiano e rublo russo estão “especialmente subvalorizadas”, de acordo com Chattelier, e, por isso, a Oxford Economics mantém posições “overweight” (acima da média do mercado) em relação a essas três moedas.
Diante da liquidação observada no início da semana nas moedas de mercados emergentes, os estrategistas de câmbio do banco inglês NatWest passaram a identificar muitas como mais atraentes — caso do real e do peso colombiano —, enquanto o rand sul-africano foi deixado de lado devido aos problemas do país, que têm se acumulado. Assim, os profissionais do NatWest passaram a recomendar posições vendidas em rand em relação a uma cesta composta por real e peso colombiano.
Em relatório assinado pelo estrategista Galvin Chia, ele aponta que os prêmios de risco aumentaram recentemente, mas observa que alguns riscos negativos já foram totalmente precificados. “Na Colômbia, os riscos de rebaixamento [do rating soberano] estão fora do caminho e a sensibilidade do mercado à reforma tributária em curso é bem mais fraca. No Brasil, esperamos que o carry volte a ganhar importância como um driver do câmbio, enquanto o ruído político permanece distante — e melhor expresso via CDS, em nossa avaliação”, afirma.
Chia pontua que esse cenário está de acordo com a sua visão sobre as âncoras de longo prazo para a valorização do real. “Tanto para o real e, especialmente para o peso colombiano, o posicionamento está mais limpo do que em relação ao rand sul-africano. A inclusão do real na cesta também ajuda a melhor o carry relativo, embora consideremos como um negócio mais tático”, afirma o estrategista do NatWest.