Abiec: exportação de carne bovina aos EUA até fim do ano deve recuar US$ 400 mi
POR ESTADÃO CONTEÚDO
10/09/2025 15h34 - Atualizado há 4 horas
Brasília, 10 - O presidente da Associação Brasileira das Indústrias exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, atualizou o valor estimado de perda com o produto que deixará de ser exportado para os Estados Unidos neste ano, em virtude do tarifaço que entrou em vigor em agosto. No mês passado, o cálculo estava em US$ 1 bilhão.
Ele explicou que, em 2024, o setor vendeu 229 mil toneladas para os EUA. Até julho deste ano, já foram vendidas em torno de 200 mil toneladas. Ou seja, quase o equivalente ao total vendido em 2024.
De acordo com Perosa, que concedeu entrevista coletiva na terça-feira, 9, em Brasília (DF), a perspectiva era acelerar o crescimento e vender entre 400 mil toneladas a 500 mil toneladas para o mercado americano em todo o ano de 2025. "Essa diferença é o que gerou essa questão de que nós não vamos faturar esse US$ 1 bilhão".
O presidente da entidade ponderou que haverá um redirecionamento desse montante para outros países com menor rentabilidade. "Então, pode ser que a gente não deixe de faturar esse US$ 1 bilhão, mas que a gente fature, por exemplo, US$ 650 milhões, US$ 700 milhões e o prejuízo seja menor. Mas a gente perde a rentabilidade do mercado americano, que é muito importante", disse.
Ele salientou, ainda, que há outras variáveis na conta. "A gente tem de contar que abriu o mercado de miúdos na Indonésia, então, diminui a perda. Abriu o mercado de miúdos na Malásia, diminui a perda. Então, se houver novas aberturas de mercado, isso vai diminuindo mês a mês", continuou.
Perosa também explicou que a carne está cada vez mais escassa globalmente. "Não há países no mundo que tenham volume e qualidade da carne brasileira", disse ele, citando ainda a questão sanitária, que é favorável ao País.
Sobre os preços no mercado interno, Perosa afirmou que há um certa estabilidade e eles estão mais relacionado à economia do que ao tarifaço.
Foco na Ásia
O presidente da Abiec, Roberto Perosa, afirmou que o foco do setor está na Ásia, em virtude do aumento populacional dos países daquele continente e da demanda pela carne bovina.
Ele destacou que o "grande receio" dos Estados Unidos é o Brasil ter autorização para enviar miúdos para a Ásia, onde há demanda por esses cortes do boi. "É essa a estratégia da indústria bovina brasileira, que é vender os cortes nobres que nós consumimos aqui no mercado interno, todo mundo tem acesso a carne que nós culturalmente gostamos de comer, e os excedentes e as carnes que nós não temos o hábito de comer, a gente vende para os países que tem esse costume", explicou ele.
"Quanto mais possibilidades de venda de miúdos para a Ásia, mais agregação de valor a gente consegue fazer", prosseguiu, dizendo não ser possível estimar o valor do mercado.
União Europeia
O presidente da Abiec disse que a União Europeia (UE) é um mercado relevante para a carne brasileira, mas atrás dos mercados asiáticos. "Está ali entre os top 5 do Brasil, mas muito distante das demandas asiáticas".
Segundo Perosa, o acordo do Mercosul com a UE, que o governo brasileiro pretende assinar ainda este ano, é importante, mas prevê para o Brasil uma cota com tarifação menor de cerca de 40 mil toneladas. Ele explicou que o setor de carnes brasileiro já exporta para a União Europeia cerca de 80 mil toneladas por ano. "O que a gente pode deduzir disso? Que não vai aumentar o mercado para a União Europeia, mas que pode criar uma possibilidade de ter uma maior rentabilidade nessa primeira metade inicial, vamos dizer".
O presidente da associação argumentou que o comércio com a União Europeia envolve outras questões, em especial os quesitos sanitários e as questões ambientais. Ele disse que essas duas variáveis, somadas à implementação ou não do acordo, vão definir se o mercado europeu será ou não importante para a carne brasileira no ano que vem. "É importante o acordo, cria novas oportunidades de uma primeira metade ser vendida a uma tarifação menor, mas não é o que vai mudar a realidade do nosso setor", completou.
Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO