Cecafé: Brasil exporta 2,733 milhões de sacas de café em julho (-27,6% em 1 ano)
POR ESTADÃO CONTEÚDO
13/08/2025 08h30 - Atualizado há 6 horas
O Brasil exportou 2,733 milhões de sacas de café em julho, primeiro mês da safra 2025/26, queda de 27,6% ante igual mês de 2024, segundo relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Apesar da redução no volume, a receita cambial atingiu um recorde para o mês, somando US$ 1,033 bilhão, alta de 10,4% na comparação anual.
No acumulado dos primeiros sete meses de 2025, o País exportou 22,15 milhões de sacas, queda de 21,4% ante igual período do ano passado. A receita, contudo, cresceu 36%, para US$ 8,555 bilhões, também recorde para o período. "Estamos com estoques reduzidos e uma safra sem excedentes, afetada pelo clima. Mas, apesar disso, a receita reflete os elevados preços internacionais, resultado do equilíbrio apertado entre oferta e demanda", explicou, na nota, o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
Entre janeiro e julho de 2025, o café arábica representou 81% das exportações brasileiras, totalizando 17,94 milhões de sacas, segundo o Cecafé. O volume representa queda de 13,3% em relação a igual período do ano anterior. O café solúvel apareceu em segundo lugar, com 2,229 milhões de sacas (10,1%), seguido pela espécie canéfora (conilon + robusta), com 1,949 milhão de sacas (8,8%).
Os cafés diferenciados, com certificação de práticas sustentáveis ou qualidade superior, representaram 21,5% das exportações totais no período, com 4,759 milhões de sacas exportadas - volume 8,8% menor que em 2024. No entanto, a receita desses cafés foi de US$ 2,026 bilhões, aumento de 57,8% sobre o ano anterior, com preço médio de US$ 425,78 por saca. Os Estados Unidos lideraram o mercado de cafés diferenciados, com 871.972 sacas importadas, seguidos pela Alemanha, Bélgica, Holanda e Itália.
Quanto aos portos, Santos concentra 80,4% das exportações brasileiras de café, com 17,809 milhões de sacas embarcadas em 2025, seguido pelo Rio de Janeiro e Paranaguá.
Medidas compensatórias e acordos bilaterais
Diante da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos cafés brasileiros desde 6 de agosto, o Cecafé afirmou que intensificou a mobilização junto ao governo federal e parceiros internacionais para mitigar os prejuízos ao setor. Além de buscar um diálogo diplomático para garantir a isenção do tarifaço, o Cecafé destacou, em nota, a urgência na implementação de medidas compensatórias temporárias que possam reduzir os impactos financeiros enquanto persistir o desequilíbrio comercial causado pela tarifa.
Paralelamente, a entidade reivindica a assinatura de acordos bilaterais com países importadores, focados principalmente no café solúvel brasileiro - produto de alto valor agregado - para que ele receba a mesma isenção concedida a concorrentes estrangeiros. "Sem esses acordos, nossas indústrias perdem competitividade e os produtores são diretamente prejudicados", alerta o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
Ferreira ressalta o papel histórico do café brasileiro na economia e sociedade e destaca a participação do Cecafé em fóruns internacionais para promover produtividade, sustentabilidade e qualidade. "Queremos garantir que produtores e consumidores do mundo continuem desfrutando dos cafés do Brasil", comenta.
Sobre o mercado chinês, ele esclarece que o credenciamento de 183 novas empresas exportadoras não significa aumento imediato nas exportações, mas facilita o crescimento natural da demanda no país asiático. "Observamos atentamente o potencial de crescimento do consumo chinês, mercado que importou 571.866 sacas de janeiro a julho e ocupa a 11ª posição no ranking dos principais parceiros dos cafés do Brasil em 2025. Esse credenciamento por cinco anos, como divulgado nas mídias, é positivo do ponto de vista de desburocratização, mas, por si só, não representa nenhum aumento de exportações à China", diz.
Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO