14/10/2021 às 16h37min - Atualizada em 14/10/2021 às 16h37min

Brasil bate recorde no número de aquisições e fusões em 2021

O Brasil passa por uma movimentação econômica silenciosa. O mercado de fusões e aquisições (Merge & Acquisition) está em franco crescimento. Neste ano, segundo dados da consultoria KPMG, o país bateu recorde de operações no primeiro semestre, um marco nos últimos 20 anos. Foram 375 negociações nos primeiros três meses, das quais 244 aconteceram entre companhias brasileiras. O desempenho foi incentivado pelo setor de tecnologia, que liderou o ranking em decorrência da pandemia. As informações são da MBT Advogados Associados.

Com a alta produtividade e o uso massivo da internet, pequenas e médias empresas são adquiridas por grandes players ou são objeto de fusão originando empreendimentos com maior força e penetração de mercado. Na fusão, duas empresas unem recursos para a criação de nova organização, que assume as obrigações e direitos dos antigos negócios. No caso da aquisição ou incorporação, uma empresa adquire a outra, extinguindo-se a empresa incorporada, subsistindo a empresa compradora ou incorporadora.

Conforme o advogado, sócio-fundador do escritório Machiavelli, Bonfá e Totino (MBT) Rodrigo Totino, a título de exemplo de aquisições no setor do agronegócio, percebe-se com recorrência no Brasil, especialmente no Centro-Oeste e Norte, compras de plantas frigoríficas e indústrias vinculadas a alimentação de animais. “Vários fundos internacionais adquirem empresas alimentícias focadas na nutrição animal. Temos um grande potencial econômico já que, entre os países que produzem alimentos para exportação, somos o país que mais cresce atualmente, com grande perspectiva de alcançarmos 40% do mercado de exportação mundial em 2050”, disse Totino em nota divulgada na semana passada.

Para que as operações ocorram com tranquilidade, há uma série de procedimentos que devem ser seguidos ao longo de uma diligência prévia (do inglês due diligence, refere-se ao processo de investigação de uma oportunidade de negócio que o investidor deverá aceitar para poder avaliar os riscos da transação), como a análise das condições da empresa, por exemplo. “É necessário um extenso exame da situação tributária, riscos trabalhistas, questões cíveis, ou seja, apontamentos que definem se a empresa está pronta ou não para ser negociada”, explicou.

ESG se torna ponto importante na due diligence

No Brasil, a exigência de aplicação dos princípios ESG, o acrônimo em inglês para meio ambiente, social e governança, é uma realidade, inclusive no agronegócio. “Os compradores passaram a exigir as políticas de governança ambiental e esta já é uma preocupação do mercado nacional”, disse Totino. Ainda segundo ele, é fundamental lembrar que o segmento conta com uma característica que, não raro, se repete: empresas de estrutura familiar que se expandem exponencialmente e são adquiridas por grupos maiores.

Nesses casos, é crescente a cobrança por maior sustentabilidade do negócio, conforme exemplo citado pelo advogado. "Um ponto sensível do setor pecuarista é a emissão de gás metano pelos bovinos. Com a nova realidade ESG, a questão se tornou prioritária, o que exige maior responsabilidade social. Além disso, num momento de due diligence, qualquer risco ligado ao meio ambiente tem um peso grande."

Por fim, segundo o especialista, outro fator de sustentabilidade que chama a atenção do mercado internacional é o das produções agrícolas brasileiras se concentrarem em um espaço reduzido da extensão territorial do país, evidenciando um grande potencial de crescimento ante a necessidade de alimentos no mundo.

Fonte: CarneTec Brasil

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