A recente declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que a Coca-Cola passará a usar açúcar de cana em suas bebidas, provocou reações intensas no setor agroindustrial americano. A mudança, impulsionada pelo movimento Make America Healthy Again (MAHA), pode representar uma ruptura nas cadeias de suprimento de alimentos e bebidas do país.
Embora a Coca-Cola já comercialize versões adoçadas com açúcar de cana em outros mercados, como o México, a transição total nos EUA seria logisticamente desafiadora e economicamente onerosa. A substituição exigiria adaptações industriais, mudanças na rotulagem e implicaria em um custo estimado superior a US$ 1 bilhão, segundo analistas do setor.
Além disso, a mudança afeta diretamente os agricultores americanos, especialmente os produtores de milho. Estima-se que a eliminação do xarope de milho de alto teor de frutose (HFCS) poderia reduzir em até 34 centavos de dólar o preço do bushel de milho, o que representaria uma perda de US$ 5,1 bilhões em receitas agrícolas, de acordo com a Corn Refiners Association.
A indústria de HFCS é liderada por empresas como Archer-Daniels-Midland (ADM) e Ingredion, que moem milho para a produção de adoçantes. A substituição massiva por açúcar de cana, cuja produção doméstica é insuficiente, aumentaria as importações — especialmente do Brasil, maior produtor mundial. No entanto, a tarifa de 50% imposta recentemente por Trump sobre o açúcar brasileiro pode agravar ainda mais a situação.
Para o setor, a medida é vista como uma tentativa de melhorar a saúde pública, mas com impactos econômicos severos para a agricultura americana e aumento potencial no preço dos alimentos processados no país.