CitrusBR: tarifa de 50% dos EUA ameaça exportações de suco de laranja do Brasil
POR ESTADÃO CONTEÚDO
10/07/2025 13h29 - Atualizado há 1 dia
São Paulo, 10 - A imposição de uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos acendeu um alerta no setor exportador de suco de laranja. A nova alíquota, anunciada nesta quarta-feira, 9, representa um aumento de 533% sobre os US$ 415 por tonelada já cobrados sobre o produto e, segundo cálculos da CitrusBR, pode consumir até 72% do valor total do suco concentrado, com base na cotação de US$ 3.600 por tonelada registrada na Bolsa de Nova York na quarta-feira.
"Trata-se de uma condição insustentável para o setor, que não possui margem para absorver esse tipo de impacto", alertou, em nota, a CitrusBR, associação que representa as principais indústrias brasileiras de suco de laranja. A entidade afirma que, mantidas essas condições, as exportações para os Estados Unidos - que responderam por 41,7% dos embarques na safra 2024/25 - se tornam inviáveis. O mercado americano gerou US$ 1,31 bilhão em receitas na safra encerrada em 30 de junho, segundo dados da Secretária de Comércio Exterior (Secex).
A medida também afeta companhias norte-americanas que dependem do Brasil como principal fornecedor do produto. "As consequências são graves: colheitas são interrompidas, o fluxo das fábricas é desorganizado, e o comércio é paralisado diante da incerteza", afirma a entidade.
Apesar de a Europa seguir como o principal destino das exportações brasileiras - com 52% de participação na safra 2024/25 -, a CitrusBR avalia que o continente dificilmente conseguirá absorver os excedentes do mercado americano sem que haja "grave deterioração de valor" para todo o setor. No ciclo recém-encerrado, os embarques para a Europa caíram 24%, mas o faturamento aumentou 22,9%, para US$ 1,72 bilhão.
Já em mercados como Japão e China, houve retração significativa tanto em volume quanto em receita. Os embarques ao Japão recuaram 30%, para 19,3 mil toneladas, enquanto as exportações para a China despencaram 63,2%, totalizando 30,1 mil toneladas. "Esses dois mercados, somados, são insuficientes para absorver os excedentes que ficariam sem destino caso o mercado americano seja comprometido", afirma a CitrusBR.
Diante do cenário, a entidade reforçou, em comunicação com o governo brasileiro, a necessidade de atuação diplomática urgente. "A CitrusBR entende a sensibilidade política e diplomática dessa medida, mas acredita que a escalada entre governos não é o caminho", declarou. A associação defende que o Brasil mobilize todos os recursos do Estado "na proteção dos interesses dos seus cidadãos, do emprego e da renda".
Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO