Setores de carne e suco de laranja alertam para impactos de tarifa dos EUA e buscam saídas

Brasil teme efeitos econômicos e aponta riscos até para indústrias americanas que dependem do país

10/07/2025 10h08 - Atualizado há 6 horas
Setores de carne e suco de laranja alertam para impactos de tarifa dos EUA e buscam saídas
Foto: reprodução

A tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para produtos importados do Brasil provocou apreensão generalizada entre as cadeias produtivas brasileiras. O setor de suco de laranja, líder absoluto no mercado global, e o segmento de carne bovina, que viu exportações dispararem nos últimos meses, já projetam impactos negativos e buscam caminhos de negociação para minimizar danos.

Para o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, o anúncio foi um choque para o setor, que mantém relação estável com o mercado norte-americano há décadas. “Entendemos que essa medida afeta não apenas o Brasil, mas toda a indústria de suco dos EUA, que emprega milhares de pessoas e tem o Brasil como principal fornecedor externo há anos”, afirmou. O Brasil exporta cerca de 37% de seu suco de laranja para os EUA e responde por 80% do consumo mundial da bebida.

A CitrusBR, entidade que reúne gigantes como Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company, teme um repasse direto do custo extra aos consumidores americanos, já que é improvável que os Estados Unidos consigam substituir o volume brasileiro sem elevar preços.

No setor de carne bovina, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que reúne JBS, Marfrig e Minerva, também demonstrou preocupação. Em nota, destacou que “qualquer aumento de tarifa sobre produtos brasileiros representa um entrave ao comércio internacional e impacta negativamente o setor produtivo da carne bovina”. A entidade disse estar à disposição para o diálogo, buscando soluções que evitem prejuízos tanto para a indústria brasileira quanto para os consumidores norte-americanos.

Os EUA foram o segundo maior comprador da carne bovina brasileira no primeiro semestre de 2025, respondendo por 12,33% do volume total exportado. As vendas para lá cresceram mais de 100% em relação ao mesmo período do ano passado, alcançando 181,5 mil toneladas e movimentando US$ 1,04 bilhão. Mesmo com a China ainda liderando disparada o ranking — com mais de 50% das compras —, a nova tarifa ameaça o equilíbrio de importantes fluxos comerciais do agro brasileiro.

 


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