Ração contaminada é suspeita de matar mais de 600 cavalos no país

Ministério da Agricultura encontrou toxina de planta venenosa em produtos da Nutrata; cães, suínos e bovinos também morreram

- Da Redação, com Revista Veja
03/07/2025 11h57 - Atualizado há 19 horas
Ração contaminada é suspeita de matar mais de 600 cavalos no país
Foto: reprodução

Uma ração contaminada pode ter provocado a morte de mais de 600 cavalos em diversos estados brasileiros desde abril, além de casos registrados em cães, suínos e bovinos. As primeiras denúncias surgiram no Rio de Janeiro e, desde então, situações semelhantes foram confirmadas em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Alagoas. O episódio mais recente ocorreu em Guarulhos (SP), onde nove cavalos morreram em uma chácara.

A empresa Nutrata, com 28 anos no mercado de proteínas para animais de grande porte, virou alvo de uma investigação do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). No último dia 17, o órgão determinou o recolhimento de todas as rações para equinos produzidas pela Nutrata a partir de novembro do ano passado. A decisão foi tomada após laboratórios federais detectarem a presença de monocrotalina — substância altamente tóxica extraída de plantas do gênero crotalária, capaz de provocar graves lesões no fígado, pulmões, rins e, ao chegar ao cérebro, perda do controle motor.

Um ofício do MAPA, datado de 25 de julho, apontou falhas no processo produtivo da empresa, incluindo uso de ingredientes não autorizados, ausência de rastreabilidade dos lotes e falta de controle e separação adequados de matérias-primas como torta de algodão, resíduo de soja e feno.

Apesar disso, a Nutrata, em nota, lamentou os casos e disse estar oferecendo suporte técnico aos proprietários dos animais afetados. A empresa também afirmou que não há conclusão definitiva que comprove a relação direta entre seus produtos e as mortes, e conseguiu uma liminar na Justiça Federal para manter a produção e venda de rações destinadas a outras espécies.

Veterinários destacam que as rações industrializadas são práticas e fornecem uma dieta balanceada, mas alertam para o risco da dependência da qualidade garantida pelo fabricante, já que o produto carrega conservantes e exige rigoroso controle de origem. O caso expõe a vulnerabilidade dos criadores que confiam exclusivamente nesse tipo de alimentação para seus animais.

 


Notícias Relacionadas »