Para Aprosoja MT, crédito rural segue inacessível para produtores de soja

Entidade diz que Plano Safra tem juros altos, corte em recursos livres e excesso de burocracia

- Da Redação, com Canal Rural
02/07/2025 09h05 - Atualizado há 1 dia
Para Aprosoja MT, crédito rural segue inacessível para produtores de soja
Foto: reprodução

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) manifestou preocupação com o Plano Safra 2025/26, anunciado pelo governo federal. Segundo a entidade, o crédito rural continua praticamente inacessível para a maioria dos produtores, sobretudo em um cenário de endividamento crescente e taxas próximas à Selic, hoje em 15% ao ano. Embora o Plano Safra tenha anunciado R$ 516,2 bilhões, cerca de R$ 185 bilhões dependem de captação via CPRs lastreadas em LCAs, instrumentos privados sem juros controlados, o que reduz o volume efetivamente acessível aos produtores.
 

De acordo com Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja MT, desconsiderando esse montante, há uma redução nominal de 17,3% nos recursos. Mesmo os valores com juros prefixados cresceram apenas 5%, o que representa queda real frente à inflação. “Na prática, temos menos dinheiro disponível para contratar”, resumiu. A Aprosoja também destacou o aumento do custeio empresarial, que foi de 12% para 14%, enquanto os recursos livres, que costumavam dar fôlego ao setor, encolheram 31% e seguem com garantias onerosas. Para Beber, as novas exigências do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), consideradas defasadas, complicam ainda mais o acesso ao crédito.
 

A entidade havia sugerido ampliar o orçamento do Programa de Construção de Armazéns (PCA) para R$ 9 bilhões, mas o governo destinou apenas R$ 3,7 bilhões para estruturas menores e R$ 4,5 bilhões para as maiores, com taxas que variam entre 8,5% e 10%. No aspecto ambiental, a Aprosoja criticou o fato de o incentivo ter ficado em um desconto de apenas 0,5 ponto percentual nos juros para quem adotar programas de melhoria contínua, quando havia pedido 1 ponto percentual. Para a associação, o Plano Safra até traz avanços pontuais, mas se perde em exigências e mantém o crédito fora do alcance da maior parte dos produtores.

 

 


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