O Brasil passou a ocupar o segundo lugar no ranking mundial de juros reais após a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de elevar a Selic de 14,75% para 15% ao ano. A taxa de juros real, calculada ao descontar a inflação esperada, chegou a 9,53% ao ano, superando economias como Rússia, Argentina e África do Sul.
O país só fica atrás da Turquia, que lidera o ranking com 14,44% de juros reais, conforme levantamento da MoneYou e Lev Intelligence, que analisou dados de 40 países. A nova alta da Selic, anunciada nesta quarta-feira (18), é a sétima consecutiva e leva os juros brasileiros ao maior nível desde julho de 2006.
Desde setembro de 2024, a taxa básica vem sendo elevada em resposta a pressões inflacionárias, totalizando um aumento de 4,5 pontos percentuais em nove meses. A decisão mais recente foi unânime entre os membros do Comitê e ocorre já sob o comando de Gabriel Galípolo, atual presidente do BC, indicado por Lula.
O Boletim Focus, do próprio Banco Central, projeta inflação de 5,25% nos próximos 12 meses, o que ajuda a explicar o cálculo da taxa real de juros. Na ata divulgada após a reunião, o Copom sinalizou que pode encerrar o ciclo de alta já no próximo encontro, marcado para os dias 29 e 30 de julho.
A manutenção dos juros elevados tem sido alvo de críticas por parte de setores produtivos e especialistas que alertam para o impacto negativo sobre o consumo, o crédito e o crescimento econômico. Por outro lado, o BC justifica a medida como necessária para conter pressões inflacionárias persistentes e manter as expectativas ancoradas no médio prazo.