PWC: agricultura de precisão lidera investimentos em tecnologia no campo
POR ESTADÃO CONTEÚDO
13/06/2025 16h11 - Atualizado há 18 horas
São Paulo, 13 - A agricultura de precisão lidera as prioridades de investimento em tecnologia no agronegócio. A conclusão é do estudo "Termômetro da Inovação Aberta no Agro", realizado pela PwC Agtech Innovation. A pesquisa, que ouviu 86 empresas e cooperativas, além de outros atores do ecossistema como startups, academia e investidores, revelou que 69% dos que responderam à pesquisa consideram a agricultura de precisão uma área estratégica para inovação dentro da porteira.
A pesquisa identificou seis áreas prioritárias de investimento: além de agricultura de precisão, soluções ambientais, sociais e de governança (ESG) (55%), gestão de dados (54%), tecnologias para aplicação de insumos (52%), drones e sensoriamento remoto (48%) e produtos biológicos (45%).
A agricultura de precisão, que utiliza sensores, geolocalização e inteligência artificial, substitui o modelo tradicional baseado em médias históricas por decisões em tempo real. O avanço dos drones e do sensoriamento remoto também está diretamente conectado à agricultura de precisão. Com equipamentos que medem desde o estresse hídrico até a biomassa das plantas, produtores conseguem mapear áreas críticas com mais precisão. Esse tipo de tecnologia impulsiona outra frente destacada pela PwC: a aplicação de insumos de forma localizada e em doses variáveis.
O sócio da PwC Brasil e diretor de operações (COO) do PwC Agtech Innovation, Dirceu Júnior, destacou que tecnologias que usam imagens computacionais, IA e sensores para detectar pragas e doenças têm se mostrado especialmente eficazes para melhorar a sustentabilidade e reduzir custos operacionais. "É um retorno claro: você usa menos água, menos agroquímicos e ainda evita a compactação do solo pela passagem excessiva de máquinas", disse.
O avanço das práticas ESG, hoje mais exigidas por consumidores e mercados internacionais, também vem puxando investimentos em descarbonização. Modelos como integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), plantio direto e rastreabilidade digital ganham destaque, assim como iniciativas de startups voltadas à sustentabilidade. "Produtores que comprovam práticas sustentáveis e baixa emissão de carbono estão acessando novos mercados e melhores condições financeiras", explicou Dirceu Junior.
Ele destacou que "75% das empresas já possuem iniciativas estruturadas em inovação aberta, um avanço significativo, mas que ainda esbarra em desafios operacionais". Segundo ele, enquanto as lideranças reconhecem a importância da transformação digital, muitas organizações enfrentam dificuldades na implementação prática, especialmente em momentos de crise econômica.
Dirceu Jr. também alerta que ainda existe uma distância considerável entre a intenção estratégica e a capacidade de execução: "Muitas empresas querem inovar, mas não têm uma fundação sólida. Faltam processos e práticas que garantam a continuidade".
Além disso, segundo ele, nem todas as empresas têm processos estruturados ou práticas sólidas que garantam a continuidade da inovação. Muitas vezes, há uma desconexão entre o que a alta liderança deseja e o que é viável implementar. Há questões de orçamento, priorização interna e também sobre o quanto a empresa está disposta a se engajar, de fato, com empreendedores - o que exige uma jornada de médio a longo prazo.
O executivo também citou que o setor enfrenta desafios significativos. A integração de dados entre diferentes plataformas aparece como um dos principais obstáculos, assim como a manutenção dos investimentos em inovação durante períodos de crise. "Cortes em áreas de inovação podem comprometer o futuro competitivo das empresas", alerta.
Apesar dos avanços, o executivo reforça que o setor ainda está em busca de um modelo mais orgânico e sustentável de integração entre inovação e produção. "A inovação aberta no agro tem caminho promissor, mas ainda precisa vencer barreiras estruturais e culturais para realmente transformar o campo em larga escala", comentou.
Setores como soja e milho lideram a adoção tecnológica devido à escala de produção, mas culturas como café e cana-de-açúcar também mostram avanços significativos, de acordo com Dirceu Jr. "O momento favorável do café, com preços recordes, está atraindo empreendedores, mas ainda precisamos de mais soluções tecnológicas adaptadas para culturas específicas", concluiu o executivo.
Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO