IBGE: censo agropecuário precisa de R$ 700 milhões para testes ainda este ano

POR ESTADÃO CONTEÚDO
06/06/2025 17h40 - Atualizado há 21 horas

Rio, 6 - A direção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está empenhando esforços para que os testes do novo Censo Agropecuário comecem em campo em novembro deste ano. No entanto, para que isso seja possível, o instituto ainda precisa que a Junta de Execução Orçamentária (JEO), no âmbito do Ministério do Planejamento e Orçamento, autorize a liberação dos R$ 700 milhões demandados para esse primeiro ano de trabalhos do levantamento censitário.

"Não começaram os testes. Isso vai ser discutido pela Junta de Execução Orçamentária, o orçamento do Censo Agro. A gente tinha expectativa de maio, a Junta foi adiada primeiro para junho, e agora para agosto, se eu não me engano. Então, só com a Junta a gente vai saber sobre o orçamento", disse Gustavo Junger, diretor de Pesquisas do IBGE. "Não tem ainda confirmação de quanto a gente vai ser atendido, e como a gente vai ser atendido, e aí sim a gente vai conseguir fazer um planejamento com um cronograma um pouco mais robusto. Mas a intenção, como eu disse, é se a gente tiver o orçamento a tempo, é nesse ano começar os testes."

Além da confirmação pendente do orçamento para o censo, o IBGE tem ainda o desafio de substituir o técnico Octavio Costa de Oliveira, servidor já comunicado de sua exoneração do cargo de coordenador de Agropecuária. A decisão de afastar Oliveira do comando da Coordenação de Agropecuária em meio aos preparativos do Censo Agro desagradou servidores da casa, que expressaram preocupação com a condução do levantamento.

Em abaixo-assinado online endereçado ao presidente Marcio Pochmann, diretores e superintendentes, trabalhadores do IBGE se disseram "perplexos e muito preocupados com as notícias sobre a exoneração". Com adesão de mais de 160 pessoas até ontem, 5, entre eles 130 gerentes e coordenadores chefes de seções de pesquisas agropecuárias, o documento tenta demover a atual gestão sobre a substituição de Oliveira.

"As consequências dessa decisão podem ser severas e prejudicar diretamente a qualidade e a confiabilidade dos dados agropecuários do País. A desarticulação de uma equipe coesa, a perda de um líder experiente e a desmotivação geral podem resultar em atrasos ainda maiores na execução de projetos críticos como o Censo Agropecuário, comprometimento na coleta e análise de dados, e até mesmo a perda de credibilidade das Estatísticas Oficiais. Em um setor tão vital para a economia nacional, a fragilização do corpo técnico responsável pela geração de informações acuradas representa um risco significativo para o cálculo do PIB, o planejamento estratégico público e privado, e bem como as políticas públicas no setor agropecuário", aponta o formulário articulado por trabalhadores do IBGE.

O texto menciona ainda preocupação com prazos e andamento do planejamento do Censo Agropecuário, até então "uma incógnita". Entre os problemas citados estão a incerteza sobre a obtenção de recursos do orçamento, pular etapas de elaboração de questionário e indefinições sobre treinamento dos envolvidos na coleta, entre outros.

Segundo Gustavo Junger, como a configuração atual da Coordenação de Agropecuária une tanto as pesquisas agropecuárias quanto o Censo Agro, a atual direção do IBGE estaria em busca de um substituto que já tenha experiência na condução do Censo Agropecuário.

"A gente está processando uma substituição sim de coordenação", confirmou o diretor de Pesquisas. "É uma decisão que está tomada. A gente caminha agora com o Censo Agropecuário e a intenção é ter um perfil que tenha uma abordagem mais operacional para o Censo Agropecuário", justificou.


Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO
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