A forte retração nos preços do arroz no Rio Grande do Sul acendeu o sinal de alerta no setor produtivo. A Federação das Associações de Arrozeiros (Federarroz) iniciou negociações com bancos e solicitou medidas emergenciais aos governos estadual e federal para conter a crise de rentabilidade que afeta os produtores.
De acordo com a entidade, indústrias estão pagando entre R$ 60 e R$ 65 por saca de arroz com rendimento superior a 58% de grãos inteiros, enquanto os produtores pedem acima de R$ 70. A média estadual em maio foi de R$ 73,20, segundo a consultoria Safras & Mercado, uma queda de 3,11% na semana e de 39,41% em relação ao mesmo período de 2024. Já o Cepea aponta recuo acumulado de 41% nos últimos 12 meses, com preços retornando aos patamares de 2022.
Entre os motivos para a crise estão o aumento da área plantada, alta produtividade, demanda interna enfraquecida, exportações abaixo do esperado e preços internacionais em queda. A projeção de estoques de passagem ultrapassa 2 milhões de toneladas, diante de uma produção de 14,2 milhões de toneladas e consumo anual de 12,2 milhões.
Diante desse cenário, a Federarroz negocia com Banrisul, Banco do Brasil e Sicredi o escalonamento dos pagamentos de financiamentos de custeio para aliviar o caixa dos produtores e evitar a pressão de vendas nos meses de junho e julho. O Banrisul já sinalizou positivamente.
No campo político, a entidade participou nesta quarta-feira (4) de uma audiência com o governador Eduardo Leite, pedindo medidas tributárias urgentes. O governo estadual se comprometeu a buscar soluções de curto prazo, considerando que os preços atuais não cobrem os custos de produção. Reuniões em Brasília e com a Conab estão previstas ainda esta semana.
Menor valor
O arroz em casca atingiu em maio seu menor valor dos últimos três anos, com queda acumulada de 41% nos últimos 12 meses, voltando aos patamares de maio de 2022, segundo o Cepea. O recuo ocorre após dois anos de fortes altas, 15% entre 2022 e 2023 e 45% entre 2023 e 2024, que estimularam o aumento da área plantada, mas sem correspondente crescimento na demanda.
O excedente gerado pressionou os preços, que caíram 6,92% apenas em maio, desestimulando negócios no mercado spot. Nesta terça-feira (3), a saca de 50 kg no Rio Grande do Sul foi cotada a R$ 70,01, com nova queda de 0,92% no mês. Indústrias relatam dificuldade em repassar custos ao consumidor, enquanto produtores resistem à venda, alegando que os valores não cobrem os custos de produção.